Após um ano sem Copa do Mundo, o resultado das vendas da Ambev (ABEV3) no Brasil deverão sofrer uma leve queda. Para os resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23), os volumes de cerveja devem ser -1% menores em relação ao ano anterior, segundo as projeções do Banco Safra.
Apesar da comparação com um período de Copa ser difícil, o banco permanece com uma ótica otimista para o resultado trimestral da produtora, destacando as vendas no Brasil e na América Central e Caribe (CAC).
Entretanto, o Safra destaca que alguns fatores podem apertar os próximos resultados da Ambev, como:
- Desaceleração dos custos dos produtos (COGS/hl);
- Condições macroeconômicas desafiadoras na Argentina;
- Indústria em cenário de declínio no Canadá;
- Ambiente competitivo desafiador no Brasil.
Além disso, com a nova reforma tributária brasileira e mudanças no recolhimento dos benefícios fiscais de ICMS, o banco destaca que poderá haver um impacto no lucro obtido na venda dos produtos.
Vendas de cervejas ABEV3 no Brasil
No contexto brasileiro, as projeções para a Ambev delineiam um cenário mais desafiador, tanto pela redução em relação ao período de Copa do Mundo, como também por questões climáticas.
Apesar da queda de 24% nas chuvas em relação ao ano anterior e um clima batendo recordes de alta temperatura no último trimestre, o banco internacional mantém expectativas de uma receita em torno de R$ 432 por hectolitro, semelhante ao trimestre anterior, e ligeiramente superior à inflação do IPCA, estimada em 7% ao ano.
Com esses fatores em consideração, as receitas líquidas da Ambev projetadas são de R$ 11,381 milhões, representando um aumento de 5% em relação ao ano anterior.
Além disso, a empresa enxerga com bons olhos o volume de vendas em COGS/hl, que deve beneficiar a margem bruta do 4T23 e entregar um EBITDA ajustado previsto de R$ 4,382 milhões (+41% ante 4T22).
Bebidas não alcoólicas podem desempenhar melhor
Para o segmento de bebidas sem álcool da Ambev (ABEV3), o Safra antecipa um crescimento robusto de 3% no volume em relação ao ano anterior, com uma projeção ainda mais otimista de +13% para o último tri.
Espera-se uma receita por hectolitro de R$ 231, gerando uma receita líquida de +6% em relação a 2022.
O EBITDA ajustado da Ambev para este segmento é previsto em R$ 644 milhões (+34% a/a) com uma margem de EBITDA ajustada estimada em 30,0%, representando um aumento de 620 pontos base em relação ao ano anterior.
Projeções internacionais para a Ambev (ABEV3)
Na América Central e Caribe, a projeção é que a Ambev tenha um crescimento no volume de 10%, uma comparação fácil em relação à queda de -13% no ano anteiror. Com maior alavancagem operacional, a região deve entregar ainda um EBITDA ajustado de R$ 1,165 milhões, um aumento de +15% no ano.
Na América da Sul, as condições desfavoráveis na Argentina projetam uma queda de -5% no volume, e um EBITDA ajustado de R$ 1,681 milhões (-17% em relação ao ano anterior), Além disso, a hiperinflação que o país enfrenta pode impactar negativamente o indicador anualizado.
Enquanto isso, o Canadá, que passa por uma contínua fraqueza da indústria de cerveja, deverá pesar nos volumes da Ambev (prevemos -5% sobre o ano anterior).
Somando as regiões, o Banco Safra estima que o EBITDA ajustado consolidado da Ambev atingirá R$8.347 milhões (+21%) com uma margem de EBITDA ajustada de 35,5%.