Ambev (ABEV3) deve ter margens apertadas no 2T22; mas ação salta 5,6% e lidera altas no Ibovespa
O balanço da Ambev (ABEV3) do segundo trimestre, que será publicado em 28 de julho, deve mostrar custos em alta e margens pressionadas, e não deve animar os investidores. Além disso, os analistas apontam um cenário de melhora operacional, mas com um macro desafiador. O consenso é de que o preço justo para os papéis é na casa dos R$ 18, segundo estimativas da XP, do Bank of America e do Itaú BBA.
Os papéis da Ambev fecharam em alta de 5,6%, à frente dos maiores ganhos no Ibovespa hoje — dia em que a companhia conseguir uma vitória parcial em caso tributário de R$ 2 bilhões, referente à cobrança de ágio sob CSLL. O julgamento ocorreu no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
“Após a AmBev apresentar um 1T22 fraco, e apesar de alguns sinais de melhora dos preços das commodities, o 2T22 não deve animar os investidores, uma vez que mesmo com crescimento na receita líquida/hl, os custos ainda serão um vento contrário, ainda com um aumento nas despesas de SG&A pressionando o resultado final”, dizem os analistas da XP, Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.
“Esperamos um aumento nas vendas de cerveja no Brasil, seguindo a tendência do setor reportada até maio (índice IBGE), mas CAC e Canadá estão atrasados, enquanto LAS é misto. Apesar desse gostinho de cerveja choca, a AmBev sempre foi um forte player nas embalagens retornáveis, cujas vendas já estão acima de 2019, apesar de ainda atrás para a garrafa de 600ml”, seguem.
A análise da corretora aponta que apesar da inflação em alta, a produção de bebidas alcoólicas aumentou nos dois primeiros meses do trimestre, segundo dados do IBGE.
Desta forma, a estimativa é de volumes de venda 10% maiores no comparativo anual, número que deve ser impulsionado pela recuperação do consumo de garrafas retornáveis e em ocasiões fora de casa (OOH).
“Estimamos que a AmBev deve superar o setor devido às suas sólidas vantagens competitivas, como sua sólida capacidade industrial e capilaridade comercial de sua marca, impulsionada pela crescente penetração da BEEs no Brasil”, diz a XP.
Já no segmento internacional, a estimativa é que as vendas caiam 3% por conta dos “atrasos” em países estrangeiros, que por sua vez são ocasionados pelas interrupções na cadeia de suprimentos (supply chain).
“No entanto, a receita líquida/hl deve aumentar de forma geral, em nossa visão, e, portanto, projetamos receita líquida acima de 1% no comparativo anual. Por fim, os custos ainda serão um obstáculo às margens nas BUs internacionais, em nossa opinião, e, portanto, projetamos que as margens bruta e EBITDA diminuam 160bps e 320bps A/A, respectivamente”, pontuam os analistas.
Segundo os analistas da XP Investimentos, a recomendação é de compra para as ações da Ambev, com preço-alvo de R$ 18,80 – o que representa uma alta de cerca de 30% ante a cotação atual de ABEV3, de R$ 14,42.
BofA: Lucro da Ambev crescerá, mas pressão de custos e do macro segue
Os analistas do Bank of America (BofA) miram um preço-alvo de R$ 18, próximo da XP, mas mantém recomendação neutra para os papéis.
A estimativa da casa é de um Ebitda ajustado de R$ 4,07 bilhões no 2T22 da Ambev.
“Esperamos que as tendências sejam semelhantes às observadas no primeiro trimestre, com receita líquida sólida, mas compressão de margem devido a custos mais altos por conta das despesas atreladas às vendas, gerais e administrativas (SG&A)”, observam Isabella Simonato e Guilherme Palhares.
A equipe de equity research do BofA projeta um faturamento 8,5% maior do que o 2T21, impulsionado pelas vendas mais volumosas no Brasil – assim como a XP.
Além disso, a projeção é de R$ 1,8 bilhão de lucro líquido – cifra 3,8% maior do que o registrado em igual período no ano anterior.
“Embora a ação tenha se desvalorizado de abaixo de 20x no preço lucro para 18x atuais – ante 20x históricos – mantemos a nossa recomendação neutra por conta da perspectiva macro difícil no Brasil, moeda local mais fraco e custos ainda altos”, concluem os analistas do BofA.
BBA mantém cautela e vê balanço do 2T22 melhor
Em seu parecer, o Itaú BBA aponta que o mercado terá uma reação neutra aos resultados da Ambev no 2T22. A análise de Gustavo Troyano mantém preço alvo de R$ 18 e recomendação neutra, tal como a dos analistas do Bank of America.
“A Ambev deve relatar dinâmica de receita melhor do que o esperado para as vendas de cerveja no Brasil no 2T22, mas as margens EBITDA ainda estão atrasadas atraso devido a um aumento significativo no CPV por hectolitro”, aponta.
A estimativa é que a venda de cerveja no Brasil apresente um desempenho de volume anual acima do consenso, de 5%, com a Ambev ainda ganhando participação de mercado.
Além disso, o BBA cita “preços sólidos”, considerando que o preço de mercado esta estável.
“A lucratividade deve continuar defasada no 2T22, uma vez que os altos preços das commodities restringem o margens em toda a linha. Projetamos compressão da margem EBITDA consolidada de 1,3 pp no comparativo anual. Já o EBITDA consolidado deverá aumentar 8% em relação a igual período do ano anterior, com sólido desempenho de receita, compensando a inflação de custos ao nível do EBITDA”, diz o analista do Itaú BBA.
ABEV3 lidera altas no Ibovespa
No fechamento desta quarta-feira (13) as ações da Ambev fecharam com alta de 5,66%, negociadas a R$ 14,57, liderando altas no Ibovespa apó