As ações da Ambev (ABEV3) caíram 4,9% nesta segunda-feira (16), cotadas a R$ 13,20. A queda dos papéis é puxada pela crise na Americanas (AMER3). Entenda a seguir por quê.
Na semana passada, a Americanas revelou “inconsistências nos lançamentos contáveis estimadas no total de R$ 20 bilhões”, com data-base em 30/09/2022. O montante apontado é maior que o valor de mercado da própria varejista na Bolsa, que até então era de R$ 10 bilhões.
Nesta sexta-feira (13), segundo o colunista Lauro Jardim do jornal O Globo, a Americanas declarou à Justiça que tem dívidas no total de R$ 40 bi e pode pedir recuperação judicial. Nesta segunda-feira (16), os principais acionistas da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, escolheram Luiz Muniz, sócio e chefe da América Latina do Rothschild & Co, para negociar a dívida bilionária.
O que tudo isso tem a ver com a Ambev?
Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles são os donos da 3G Capital, empresa brasileira-americana de private equity. A 3G Capital também é acionista da AB-Inbev, controladora da Ambev.
A queda das ações da Ambev nessa segunda-feira se deu com as especulações sobre a possibilidade de Lemman e Sicupira venderem parte de seus papéis da Ambev para cobrir o “rombo” da Americanas.
” Não teve nada acontecendo com Ambev fora especulação mesmo”, explicou Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
Americanas (AMER3) bate o martelo e contrata Rothschild & Co para renegociar dívida bilionária
A Americanas (AMER3) contratou o banco Rothschild & Co para assumir a renegociação das suas dívidas bilionárias. Nesta segunda (16), a varejista afirmou que a instituição financeira comandará as negociações dos débitos no Brasil e no exterior.
“A Americanas reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores. Todos os órgãos sociais (conselho, diretoria e comitês) estão trabalhando conjuntamente com o objetivo de manter as operações da companhia de forma adequada”, disse a companhia no comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta tarde.
Essa ação ocorre após a varejista conseguir uma proteção judicial que impede credores de anteciparem a cobrança das dívidas da empresa. As “inconsistências contábeis” da Americanas, avaliadas inicialmente em R$ 20 bilhões, podem levar ao vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas. Por isso, a empresa foi à Justiça pedir essa proteção, aceita pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Ações da Ambev
As ações da Ambev fecharam a segunda em queda de 5%. Nos últimos 30 dias, os papéis têm baixa de 13,1%. Desde o início do ano, o recuo é de 6,9%.