Ambev (ABEV3): Lucro no trimestre divide opiniões do BTG, Safra e XP
Os relatórios do Safra, XP e BTG sobre os resultados da Ambev (ABEV3) no quarto trimestre de 2023 (4T23) revelou pontos de discordância entre as casas de análise e bancos.
O lucro líquido da Ambev indicou uma queda de 10,9% no período em comparação ao mesmo do ano anterior. O valor reportado foi de R$ 4,528 bilhões.
Safra: Ambev apresente números fracos no 4T23
Os analistas do Safra destacam que os resultados de ABEV3 vieram “fracos no 4T23, especialmente influenciados pela queda na receita na Argentina”, devido a desvalorização do câmbio nos últimos meses, que teve um impacto total de R$ 1,149 milhões no EBITDA do trimestre.
No Brasil, os volumes de produtos premium se mantiveram sólidos, mas a empresa acredita que perderá ainda parte de sua presença no mercado. Em linha com as estimativas dos bancos, a Ambev (ABEV3) teve uma queda de 1% ano contra ano, dos volumes de cerveja no país. O resultado á era esperado em reação da Copa do Mundo que puxou os números para cima em 2022.
O relatório observa uma recuperação operacional sólida, embora manchada pelo ajuste para inflação na Argentina. Além disso, o Safra destaca a redução esperada nos custos de produtos vendidos (CPV) da Cerveja Brasil para 2024, que superou as projeções do banco.
XP: Resultados são mistos
A XP, por sua vez, classificou os resultados como mistos, também citando a crise econômico argentina como um detrator dos números.
“A recuperação operacional foi sólida, e a Companhia sustentou sua recuperação de lucros com expansão de margem em todas as linhas. No entanto, o ajuste para a inflação da Argentina, sem efeito caixa, manchou o resultado consolidado, o qual veio abaixo das nossas estimativas,” afirma os analistas da XP.
Além disso, a casa aponta que se decepcionou com os volumes da Cerveja Brasil, que ficaram abaixo das expectativas, embora tenham sido compensados por um aumento significativo no preço por hectolitro.
O relatório da XP também destaca a expectativa de redução do CPV da Cerveja Brasil para 2024, alinhada com as tendências recentes de commodities, mas observa que impostos mais altos e a situação econômica argentina representam ventos contrários para a empresa.
BTG: Sem perspectivas muito otimistas, banco adota recomendação neutra
Por fim, o BTG aponta uma falha nos resultados apesar de uma forte geração de fluxo de caixa na Ambev. O relatório ainda destaca uma queda nos volumes de cerveja no Brasil, com a perda de participação de mercado, enquanto reconhece a recuperação da unidade de negócios de América Central e Caribe (CAC). O BTG também menciona a expectativa menos otimista da ABEV3 para 2024, especialmente em relação aos custos de produtos vendidos no Brasil e aos desafios econômicos na Argentina.
“Pressões competitivas parecem estar voltando ao Brasil, com a queda no market share pela primeira vez desde a pandemia e a retração da inflação na cerveja. Sem uma boa história de crescimento para justificar os valores de mercados e com riscos de queda, não vemos a ação como uma boa geradora alfa no futuro próximo. Mantemos recomendação neutra”, afirmam os analistas do BTG.