Em seu relatório mais recente sobre a Ambev (ABEV3), analistas do Itaú BBA revisaram para baixo as estimativas para o desempenho da companhia em 2024. Desta vez, o banco adotou uma abordagem mais conservadora em relação às subvenções fiscais, incluindo as alterações tanto na questão dos juros sobre o capital próprio (JCP) quanto no ICMS, além da dinâmica econômica na Argentina.
“Mantemos nossa postura cautelosa no curto prazo, mas reconhecemos que diversas questões não operacionais já foram precificadas na tese de investimento da companhia nos últimos 18 meses”, pontua o banco.
“Enquanto o pior momento parece ter ficado para trás, continuamos a não ver nenhuma assimetria suficientemente grande para produzir retornos acima do nosso de custo de capital próprio“, completa.
Ainda no relatório, o banco incorporou um novo cenário de redução da dedutibilidade fiscal do novo entendimento do JCP sendo estudado pela equipe econômica do governo, “que deve gerar um impacto negativo de 15% em nossa previsão de lucro por ação em 2024″, afirmam os analistas.
O cenário inclui ainda a questão das subvenções do ICMS na base tributária, que deve ter um impacto negativo de 7% no resultado final, bem como uma abordagem mais conservadora à conversão de câmbio argentino na divisão ‘América Latina Sul’ da empresa.
Para o final de 2024, o Itaú BBA espera que o lucro líquido da Ambev seja positivo em R$ 13,7 bilhões, queda de 11% frente à estimativa anterior de R$ 15,4 bilhões.
“Em suma, avaliamos que as externalidades não operacionais até agora ofuscaram o momento operacional positivo no segmento Cerveja Brasil, mas o fluxo adicional de notícias relacionadas provavelmente terá um impacto mais suave na tese de investimento daqui para frente”, seguem os analistas.
Ambev deve se beneficiar de tendência de custos benigna no futuro, diz Itaú BBA
No texto, o banco pontua que após 14 anos de custos unitários sequencialmente altos, a Ambev deve finalmente se beneficiar com uma tendência de custos benigna no futuro, com um efeito positivo nas margens.
Para 2024, o Itaú BBA elevou a projeção de margem Ebitda ajustada da Ambev de 31,9% para 34%, enquanto a margem bruta subiu 1,1 ponto percentual, para 53,1%. “Esperamos que a Ambev repasse preços próximos da inflação, buscando capturar o spread da deflação de custos e convertê-lo em lucratividade”, reforça.
Por fim, o banco enxerga a Ambev sendo negociada a um P/L de 15 vezes e 14 vezes para 2024 e 2025, respectivamente. “Do lado positivo, avaliamos que já está em nosso radar a maioria dos desafios que a empresa poderá enfrentar. No entanto, continuamos assumindo um retorno total de 13% para os próximos dois anos, ligeiramente abaixo do nosso custo de capital“.
O Itaú BBA manteve recomendação ‘neutra’ para as ações de Ambev, e reduziu o preço-alvo de R$ 17 para R$ 15.
AB InBev, dona da Ambev (ABEV3), anuncia demissões nos EUA
A Anheuser-Busch InBev, dona da Ambev, anunciou a demissão de um número não especificado de funcionários em sua divisão de vendas nos Estados Unidos. As informações foram divulgadas pela Bloomberg na semana passada.
Segundo a dona da Ambev, a decisão integra a sua estratégia para concentrar esforços em suas maiores marcas.
“Em 12 de janeiro, anunciámos atualizações na estrutura da nossa equipe de vendas nos EUA, que simplificarão a nossa organização e darão ainda mais foco à nossa estratégia de mega marcas”, disse a empresa em resposta por e-mail a perguntas da Bloomberg News. Essa medida impulsionará “uma colaboração maior com nossos parceiros varejistas e revendedores”.
Detalhes adicionais ainda não foram divulgados pela companhia.
A AB Inbev, vale destacar, tem entre seus principais acionistas os brasileiros o bilionário Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira Marcel Telles – sócios conhecidos como ‘o trio’ da 3G Capital, que também possuem participação acionária relevante na Americanas (AMER3).
Recentemente Lemann transferiu sua participação na cervejaria para seu filho Max.
No ano passado, a dona da Ambev anunciou que reduziria menos de 2% de sua força de trabalho nos EUA, equivalente a cerca de 350 empregos, após uma promoção online com uma influenciadora transgênero gerar uma reação que prejudicou substancialmente o faturamento da empresa.
Desempenho das ações da Ambev
No fechamento de quinta-feira (1), as ações da Ambev caíram 0,08%, a R$ 13,07. No ano, os papéis caem 3,90%, segundo o Status Invest.
Cotação ABEV3