Após a Heineken divulgar os seus resultados consolidados de 2024, o Itaú BBA emitiu um novo relatório sobre a Ambev (ABEV3), afirmando que os números da cervejaria holandesa aumentam a pressão sobre a companhia brasileira.
A expectativa da casa é a de que a divisão de cervejas da Ambev no Brasil apresente queda de 2% no volume de vendas no quarto trimestre de 2024, fechando o ano com um crescimento modesto de 1%. Já a receita líquida deve avançar 6,6% no período.
O desempenho da Heineken reforça a pressão competitiva sobre a Ambev, diz o relatório. A cervejaria holandesa reportou um aumento no market share ao longo do ano, com destaque para o crescimento da marca Amstel, que registrou expansão de dois dígitos no volume no Brasil.
Além disso, a nova fábrica da Heineken em Passos (MG), prevista para entrar em operação em 2025, pode intensificar a disputa pelo mercado, aumentando a oferta de produtos da marca.
Cenário desafiador em 2025
O Itaú BBA alerta também que o ambiente de consumo no Brasil pode representar um risco relevante para a indústria de bebidas em 2025. A inflação de alimentos, a desvalorização do real e os custos elevados de produção, especialmente com alumínio, devem impactar a rentabilidade do setor, diz a casa.
Dados do IBGE mostram que a produção de bebidas alcoólicas no Brasil cresceu 4,8% no quarto trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, mas caiu 4,6% na comparação anual.
A casa avalia que essa retração pode ter sido influenciada por uma estratégia mais focada em margem adotada pela Cervejaria Petrópolis no fim do ano. No consolidado de 2024, o setor teve um crescimento discreto de 1%.
Dados da Ambev e recomendação
Enquanto isso, diz o BBA, o mercado aguarda a divulgação da previsão de custo por hectolitro (COGS/hl) da Ambev em 2025, que tem sido um dado estratégico desde 2021. Os analistas acreditam que a companhia continuará fornecendo essa estimativa, mesmo em um ano desafiador de inflexão nos custos, após um período de deflação em 2024.
No entanto, o relatório afirma que alguns investidores temem que a Ambev possa reduzir a visibilidade dessas projeções, o que pode ser mal recebido pelo mercado.
Por outro lado, o valuation atual das ações da Ambev, que negociam a um múltiplo P/E de 11x para 2025, reduz a atratividade de posições vendidas no papel, diz a casa.
Diante desse cenário, o Itaú BBA reforçou sua recomendação neutra para as ações ABEV3, destacando a ausência de gatilhos de curto prazo para valorização do ativo. O preço-alvo da casa é de R$ 15.
A Ambev divulgará seus resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 no próximodia 26 de fevereiro.