Os resultados do primeiro trimestre (1T24) da Heineken sugerem que a Ambev (ABEV3) pode ter um desempenho mais fraco do que o esperado na indústria, com queda nos preços e volume.
A tese é dos analistas do Itaú BBA, Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto, Larissa Pérez e Daniel Sasson, em relatório divulgado nesta quarta-feira (24).
Segundo os especialistas, a Ambev pode ter “se saído abaixo da média da indústria em termos tanto de volumes quanto de preços, potencialmente perdendo participação de mercado adicional no trimestre, não apenas no segmento premium, mas também no segmento de economia.”
A notícia reforça as prévias do BBA sobre a empresa, que já havia comentado no início deste mês que aguarda o Ebitda da Ambev (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 6,5 bilhões e uma margem de 33% – uma queda de 280 pontos base em relação ao trimestre anterior.
“Embora seja improvável que os resultados trimestrais sejam fracos, um trimestre sem brilho pode desencadear um sentimento de que poderia ter sido mais forte”, diz o relatório anterior sobre a ABEV3.
O BBA tem recomendação “neutra” para as ações da Ambev, com preço-alvo de R$ 15.
O que o desempenho da Heineken diz sobre a Ambev no 1T24?
A Heineken (HEIA34) divulgou seus resultados do 1T24 com crescimento de receita e no volume que não decepcionam.
“Os portfólios premium e mainstream da HNK continuaram a se destacar, com volumes aumentando na casa dos dois dígitos em ambas as categorias, consolidando a marca Heineken como a marca número um em valor no mercado brasileiro”, afirma o BBA.
Os analistas detectam que o volume da companhia também foi impulsionado pelas cervejas Amstel (do Grupo Heineken), que pode indicar uma melhora no portfólio principal, além do habitual bom desempenho da marca Heineken.
Outra marca concorrente, a Petrópolis parece estar buscando aumentar os volumes, mas ainda não conseguiu conquistar participação em relação à Heineken.
Na opinião do BBA, a indústria até março deve apresentar números fracos gerais, considerando os dados do IBGE sobre a produção de bebidas alcoólicas, que aumentou cerca de 7% ao ano em janeiro e fevereiro.
Apesar disso, após o resultado da Heineken, o mercado reagiu positivamente para Ambev, com um aumento de 1,5% para ações ABEV3. A alta dos ativos, segundo o Itaú, deixa duas interpretações em aberto:
- Os números da Heineken reforçaram fortes dinâmicas macroeconômicas na indústria, sugerindo que pode haver um risco de alta para o crescimento esperado do volume para a Ambev no 1T24, atualmente em torno de 2-3%;
- Alcançar tal desempenho na indústria de bebidas alcoólicas em janeiro e fevereiro seria improvável sem uma forte contribuição da Ambev.
“Embora a divisão das tendências macro e micro na indústria não esteja clara, preferimos manter uma postura cautelosa e evitar replicar os números relatados pela Heineken em nossas expectativas para a Ambev,” diz o relatório.
Os analistas destacam que os pontos mais delicados para a Ambev no momento são a concorrência na indústria de cerveja continua desafiadora com a Heineken e ofensivas da Petrópolis, além de que a Heineken continua a aumentar o momentum de curto e médio prazo no Brasil.
ABEV3 na bolsa de valores hoje
Nesta quinta-feira (25), as ações da Ambev na bolsa de valores fecharam de novo em baixa (-0,12%), cotadas a R$ 12,02. No ano, a companhia acumula uma queda de -12,98% no preço dos papeis.
Cotação abev3