Ambev (ABEV3) está ‘barata’: É hora de comprar ações? Analistas respondem
Após um resultado que decepcionou boa parte do mercado, a Ambev (ABEV3) viu suas ações perderem valor e estabilizarem na bolsa de valores.
No mês, as ações da Ambev acumulam uma queda pouco expressiva, de 1,32%, com os papéis são negociados em torno de R$ 12,60. O valor já indica alguma recuperação, depois de ter chegado a -7% durante a semana passada.
Olhando para esta faixa, analistas avaliam se é hora de comprar ou vender os ativos e quais são as expectativas para os próximos trimestres.
“Dividendos destacam força financeira da Ambev”: Lucas Almeida, da AVG Capital
A Ambev (ABEV3) pode estar sendo negociada a um preço descontado, depois de ter revelado números de lucro líquido e EBITDA que não atingiram as projeções e acumular uma queda ano a ano.
Segundo Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, isso se reflete na sólida geração de fluxo de caixa livre e na robusta posição de caixa líquida da companhia de bebidas. “A distribuição de dividendos da ABEV3 e recompras destacam a força financeira da empresa apesar do desempenho abaixo do esperado”, aponta Almeida.
Em sua visão, a atratividade dos múltiplos, considerando que a ação estão negociando a aproximadamente 13,9x P/L para 2024E, está abaixo dos níveis históricos. Além disso, o preço-alvo médio é de R$ 15 por várias casas de análise e indica um potencial de valorização de mais de 17%.
Na hora de investir, aqueles com estratégias de longo prazo e tolerância ao risco podem ter uma oportunidade ao comprar ABEV3, dada a atratividade dos múltiplos e o potencial de recuperação. No entanto, o especialista ressalta que é importante ter cautela considerando os riscos operacionais e macroeconômicos atuais.
“O preço da ação caiu -4,8% desde a divulgação do último balanço e esse movimento pode ser uma sinalização de um consenso de mercado de descontentamento tanto com os resultados apresentados quanto com os aspectos macroeconômicos, refletindo negativamente no preço das ações até o momento”, explica Almeida.
“Empresa não tem para onde crescer”: João Daronco, da Suno Research
Quando a pauta é Ambev, fala-se de uma companhia gigante nacional, líder na fabricação e distribuição de bebidas.
“A Ambev está consolidada, não tem para onde crescer e não tem tanto lugar para alocar capital. Entretanto, por ser líder, tem sempre muita concorrência atacando seus negócios”, salienta João Daronco, analista CNPI da Suno Research.
A Ambev, de acordo com o analista, está diante de um ambiente desafiador, com expectativas de redução nos custos de vendas da cerveja no Brasil e preocupações com o mercado argentino.
Contudo, a Ambev demonstrou resiliência ao longos dos anos, conseguindo manter seu volume, atingir até cero nível de receita e gerando caixa.
Para Daronco, a preocupação se dá com a queda no ticket médio, com uma precificação mais pressionada e a decorrente quedas das ações.
“Quando olhamos para o volume, ele se manteve muito próximo de um trimestre para o outro. Entretanto, a receita cai cerca de 12%”, explica o analista.
Entre os pontos fortes, Daronco indica:
- Ampla distribuição dos produtos da Ambev, que chegam a lugares que quase ninguém consegue;
- Expansão de oferta, adquirindo marcas de outros nichos;
- Upgrade de portfólio, acomapnhando o comportamento do consumidar de migrar para prdtos mais especializados.
Sobre o último ponto, Daronco destaca que a grande vantagem para Ambev é que expandir, por exemplo, de uma cerveja pilsen para uma IPA não custará um investimento tão relevante, não altera os custos de distribuição e ainda aumenta o ticket médio e receita.
“Hoje eu não vejo Ambev extremamente descontado, acho que muitas das expectativas já estão consideradas no preço atual”, opina o analista da Suno Research.
Além disso, Daronco ressalta que neste novo ano, a Ambev começa melhor posicionada do que na virada de 2022 para 2023.
“Ebitda deve crescer 16% em 2024”: BofA, analistas Isabella Simonato e Fernando Olvera
Considerando pontos similares aos levantados pelos dois especialistas acima, os analistas do Bank of America (BofA) consideram as ações da ABEV3 desvalorizadas e que há uma boa oportunidade de investimento, considerando todas as expectativas positivas para a empresa em 2024.
O BofA então manteve sua classificação de compra para ABEV3 para os papéis em um preço-alvo de R$ 16,00. Na opinião do banco, mesmo os custos mais altos de produção devem ser compensados por melhor mix de produtos, que aumentaria a receita por hectolitro.
“As previsões de custo foram decepcionantes, mas o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ex-LAS [exceto a região da América Latina do Sul] deve crescer 16% em 2024, após crescer 20% em 2023”, avaliam os analistas Isabella Simonato e Fernando Olvera, que assinam o relatório.
Cotação de ABEV3
Nesta sexta-feira (15), os papéis de Ambev fecharam cotados a R$ 12,65, uma queda de 1,17%.