A Genial Investimentos projeta um resultado mediano para Ambev (ABEV3) no terceiro trimestre de 2023 (3T23). Para os analistas, haverá um pequeno crescimento da receita e melhoras nas margens. Desse modo, a corretora tem recomendação neutra para as ações da companhia.
“Os principais destaques positivos no 3T23 da Ambev devem vir do Brasil e do segmento CAC (América Central e Caribe), enquanto os negativos podem ter origem da Argentina, pertencente do segmento LAS (América Latina do Sul), e do Canadá”, informa a Genial em relatório.
A equipe da Genial também acredita que a tendência de queda nas principais commodities, que compõem o COGS (custos dos produtos vendidos) da companhia será um importante vento favorável para viabilizar uma maior expansão de margens da Ambev no resultado do 3T23.
Existe ainda um receio sobre possíveis impactos na implementação do imposto seletivo ou do possível fim do Juros sobre Capital Próprio (JCP): “Embora estas duas medidas apresentem riscos para a tese da companhia, vemos que a companhia possui alguns meios para mitigar os impactos negativos.”
No terceiro trimestre, a Genial estima uma receita total de R$ 21,3 bilhões, com um crescimento de 3,7% na comparação anual.
O Ebitda da Ambev (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) estimado é de R$ 6,2 bilhões, um avanço de 11% na base anual, com uma margem Ebitda alcançando 29,1%. Para o lucro líquido, a projeção é de R$ 3.3 bilhões, crescimento de 2,2% frente ao ano anterior.
No entanto, a Genial vê pouco potencial de crescimento em relação ao preço atual da Ambev, preferindo manter as ações e com preço-alvo de R$ 15. Nesta sexta as ações da Ambev caíram 2,2%, cotadas a R$ 12,34.
Ambev: impacto da reforma tributária
Para a Genial, a reforma tributária pode trazer pontos positivos e negativos em torno da Ambev. Os analistas veem com otimismo a possibilidade de simplificação de tributação, que contribuirá para aumento de eficiência no processamento de impostos.
No entanto, avaliam como negativo a implementação do imposto seletivo, que incidiria sobre produtos prejudiciais à saúde, como bebidas alcoólicas.
“A alíquota desse imposto ainda não foi divulgada. Caso ela venha em conjunto com uma redução no ICMS, e não contribua para um aumento da carga tributária geral da Ambev, a reforma de impostos indiretos teria um impacto positivo. Caso contrário, vemos as consequências da reforma como negativas”, explica a Genial.
Lucro pode encolher em 23% se JCP acabar, diz BB Investimentos
Segundo analistas do BB, a Ambev pode ter um impacto já no próximo ano com o fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP)
Segundo a casa, a Ambev está entre as maiores pagadoras de JCP (juros sobre capital próprio) da bolsa, cujo benefício tributário da dedutibilidade da base de cálculo do IRPJ e CSLL pode se extinguir a partir já do dia 1º de janeiro do ano que vem.
“Estimamos que o lucro líquido da Ambev possa ser 23% menor em caso de extinção do benefício fiscal do JCP, sem considerar, por ora, as possíveis alterações nos benefícios fiscais oriundos de subvenções governamentais relativas aos impostos sobre vendas e a possibilidade de alteração na estrutura de capital e/ou reorganização societária da companhia – medidas que poderiam compensar o aumento de alíquota efetiva para preservar o retorno para o acionista”, diz a casa.
Os analistas chamam atenção para o fato de que, mesmo que discussões sobre os impactos de mudanças tributárias sejam complexas e levem um tempo significativo para surtir efeitos, ainda há uma certa cautela com as ações da Ambev por conta desse tema.
A recomendação da casa segue neutra para ABEV3, com preço-alvo de R$ 16 – ante R$ 15 no último relatório sobre a companhia.
Desempenho anual das ações da Ambev
Cotação ABEV3