Em relatório divulgado nesta quinta-feira (14), o BTG Pactual (BPAC11) afirmou que o governo deve acelerar a aprovação da Medida Provisória 1.185/23 que, entre outros pontos, alteram os juros sobre capital próprio (JCP). Isso deve aumentar substancialmente a taxa efetiva da Ambev (ABEV3), diz o banco.
Os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin calculam que, assumindo que os efeitos da proposta comecem a valer já em 2024, a Ambev perderia cerca de R$ 1,8 bilhão em benefícios fiscais, aumentando sua taxa efetiva de 8,5% para 20,5%.
“Ainda é incerto sobre o que a Ambev vai fazer se sua taxa efetiva subir tanto quanto estamos projetando. É possível que ela decida aumentar a alavancagem, e isso pode significar dividendos extraordinários e ainda mais crescimento. Nossas estimativas não assumem nada disso”, dizem.
Além disso, o banco reduziu o Ebitda da Ambev para 2024 em 2% e o lucro por ação da Ambev (EPS) de 2024 em 14%. “Mesmo no Brasil, onde a Ambev vem nos surpreendendo positivamente, a sensação é de que os volumes estão ameaçados com base em uma indústria menos vibrante e com maior concorrência”.
O BTG tem recomendação “neutra” para as ações da Ambev, com preço-alvo a R$ 15,00. O papel está cotado hoje a R$ 14,40.
Ambev pagará JCP de R$ 0,73 por ação ainda em dezembro
A Ambev pagará juros sobre capital próprio (JCP) aos seus acionistas, conforme comunicado pela companhia na última terça-feira (12) em documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O valor dos proventos por ação ABEV3 será de R$ 0,7302 que serão pagos em 28 de dezembro.
Apenas os investidores com ações da Ambev na B3 (B3SA3) no dia 19 de dezembro e na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) no dia 26 de dezembro terão direito de receber os rendimentos.
As ações e os ADRs da Ambev passarão a ser negociados ex-JCP a partir do dia 20 de dezembro.
Ainda de acordo com a Ambev, o valor dos JCP terá retenção do imposto de renda na fonte, com alíquota de 15%, resultando em aproximadamente R$ 0,6207 líquidos recebidos por ação da companhia.
JCP da Ambev
- Valor recebido por ação: R$ 0,7302
- Valor recebido por ação (líquido): R$ 0,6207
- Data de corte: 19 de dezembro de 2023 (B3) e 26 de dezembro de 2023 (NYSE)
- Data do pagamento: 28 de dezembro de 2023
Lucro líquido dispara 24,9% no terceiro trimestre, para R$ 4,0 bilhões
A Ambev reportou um lucro líquido de R$ 4,015 bilhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), conforme balanço divulgado no fim de outubro. A cifra representa um aumento de 24,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já o lucro líquido ajustado da Ambev ficou em R$ 4,038 bilhões, aumento de 25,1% frente aos R$ 3,229 bilhões registrados no mesmo intervalo de 2022.
A receita líquida da Ambev foi de R$ 20,317 bilhões no trimestre, queda de 1,3% frente os R$ 20,587 bilhões registrados no resultado no mesmo período do ano anterior.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, por sua vez, foi de R$ 6,854 bilhões, aumento de 17,6% ante o número registrado no mesmo período do ano de 2022.
De acordo com a Ambev, o volume no Brasil ficou praticamente estável (-0,1%), uma vez que a queda no desempenho em Cerveja (-1,1%) diante da forte performance dos anos anteriores (3T20 a 3T22) foi compensada por bebidas não alcoólicas (+2,8%).
Nas operações internacionais da Ambev, o desempenho positivo na América Central e Caribe (“CAC”) (+13,6%) foi mais do que compensado pela América Latina Sul (LAS) (-9,4%) e pelo Canadá (-13,1%), onde os volumes foram impactados principalmente pelas indústrias em queda.
Entre os meses de abril e junho, o resultado financeiro da Ambev ficou em R$ 837,9 milhões, uma redução de R$ 413,2 milhões em relação ao mesmo período do ano passado.
“O 3T23 foi mais um trimestre de crescimento e rentabilidade graças à execução consistente da nossa estratégia, com desempenho positivo da receita líquida e alavancagem operacional”, disse a CEO da Ambev, Jean Jereissati.
“Por fim, o desempenho do quarto trimestre é sempre crítico dada a chegada do verão na América do Sul, mas estamos confiantes em nossa capacidade de entregar pelo terceiro ano consecutivo uma melhora consistente e contínua em termos de crescimento e rentabilidade, com desempenho orgânico consolidado do EBITDA Ajustado à frente do crescimento de 17,1% entregue em 2022, bem como expansão da margem bruta e da margem EBITDA Ajustado”, pontuou a Ambev.
Desempenho das ações da Ambev
Cotação ABEV3