O terceiro trimestre de 2023 (3T23) Ambev (ABEV3) teve um desempenho acima do esperado, afirma o BTG Pactual. Segundo o banco, apesar da desaceleração das vendas, as economias nas despesas gerais e administrativas (SG&A) surgiram como compensadores. O BTG mantém recomendação neutra, mas com expectativa de revisar a avaliação no futuro. Hoje, as ações da Ambev fecharam em alta de 4,13% no Ibovespa, cotadas a R$ 12,87.
“O 3T23 da Ambev veio acima do esperado. As avaliações são mais atraentes após o desempenho abaixo da média dos pares no acumulado do ano, bem como do mercado em geral”, diz o BTG.
Nesta terça-feira (31), a Ambev (ABEV3) reportou um lucro líquido de R$ 4,015 bilhões no 3T23, um aumento de 24,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os analistas do BTG afirmam que as margens da Ambev aumentaram consideravelmente, impulsionadas pela diminuição das despesas gerais e administrativas, que contribuíram com metade da expansão da margem Ebitda de 520 pontos-base em relação ao ano anterior, atingindo 32,4%.
Por outro lado, segundo o banco, as vendas da Ambev, na casa de R$ 20,3 bilhões, não “foram excelentes e ficaram 4% abaixo do esperado”, principalmente pelos volumes mais baixos fora do Brasil e desaceleração nos preços.
Como grande destaque, os analistas lembraram que o setor de cervejas no Brasil está com menores despesas. No setor, a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 730 pontos-base em relação ao ano anterior.
Os resultados fora do setor de cervejas no Brasil foram mistos, principalmente devido ao desempenho mais fraco das vendas no Canadá (volumes 13% mais baixos em relação ao ano anterior) e na América Latina (volumes 8% mais baixos), enquanto a América Central e Caribe (CAC) ocorreu uma sólida recuperação de volume (alta de 14% em relação ao ano anterior).
Neste contexto, o BTG mantém recomendação neutra para as ações da Ambev. O preço-alvo estimado é de R$ 16.
“No entanto, os riscos para os lucros ainda são bem presentes com base nas questões fiscais no Brasil e nas condições macroeconômicas na Argentina, além da discussão mencionada sobre a capacidade do portfólio de marcas de manter um equilíbrio saudável entre volume e preço”, alerta o BTG.
Ambev: lucro líquido dispara 24,9% no 3T23
A Ambev (ABEV3) reportou um lucro líquido de R$ 4,015 bilhões no 3T23.
Já o lucro líquido ajustado da Ambev ficou em R$ 4,038 bilhões, aumento de 25,1% frente aos R$ 3,229 bilhões registrados no mesmo intervalo de 2022.
A receita líquida da Ambev foi de R$ 20,317 bilhões no trimestre, queda de 1,3% frente os R$ 20,587 bilhões registrados no resultado no mesmo período do ano anterior.
O Ebitda ajustado, por sua vez, foi de R$ 6,854 bilhões, aumento de 17,6% ante o número registrado no mesmo período do ano de 2022.
De acordo com a Ambev, o volume no Brasil ficou praticamente estável (-0,1%), uma vez que a queda no desempenho em Cerveja (-1,1%) diante da forte performance dos anos anteriores (3T20 a 3T22) foi compensada por bebidas não alcoólicas (+2,8%).
Nas operações internacionais da Ambev, o desempenho positivo na América Central e Caribe (“CAC”) (+13,6%) foi mais do que compensado pela América Latina Sul (LAS) (-9,4%) e pelo Canadá (-13,1%), onde os volumes foram impactados principalmente pelas indústrias em queda.
Entre os meses de abril e junho, o resultado financeiro da Ambev ficou em R$ 837,9 milhões, uma redução de R$ 413,2 milhões em relação ao mesmo período do ano passado.
“O 3T23 foi mais um trimestre de crescimento e rentabilidade graças à execução consistente da nossa estratégia, com desempenho positivo da receita líquida e alavancagem operacional”, disse a CEO da Ambev, Jean Jereissati.
“Por fim, o desempenho do quarto trimestre é sempre crítico dada a chegada do verão na América do Sul, mas estamos confiantes em nossa capacidade de entregar pelo terceiro ano consecutivo uma melhora consistente e contínua em termos de crescimento e rentabilidade, com desempenho orgânico consolidado do EBITDA Ajustado à frente do crescimento de 17,1% entregue em 2022, bem como expansão da margem bruta e da margem EBITDA Ajustado”, pontuou a Ambev.
Lucro pode encolher em 23% se JCP acabar, diz BB Investimentos
Segundo analistas do BB, a Ambev pode ter um impacto já no próximo ano com o fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP)
Segundo a casa, a Ambev está entre as maiores pagadoras de JCP (juros sobre capital próprio) da bolsa, cujo benefício tributário da dedutibilidade da base de cálculo do IRPJ e CSLL pode se extinguir a partir já do dia 1º de janeiro do ano que vem.
“Estimamos que o lucro líquido da Ambev possa ser 23% menor em caso de extinção do benefício fiscal do JCP, sem considerar, por ora, as possíveis alterações nos benefícios fiscais oriundos de subvenções governamentais relativas aos impostos sobre vendas e a possibilidade de alteração na estrutura de capital e/ou reorganização societária da companhia – medidas que poderiam compensar o aumento de alíquota efetiva para preservar o retorno para o acionista”, diz a casa.
Os analistas chamam atenção para o fato de que, mesmo que discussões sobre os impactos de mudanças tributárias sejam complexas e levem um tempo significativo para surtir efeitos, ainda há uma certa cautela com as ações da Ambev por conta desse tema.
Desempenho das ações da Ambev
Cotação ABEV3