Amazon: mais de 6.300 funcionários assinam carta com apelo a Jeff Bezos

Mais de seis mil e trezentos funcionários da Amazon assinaram carta aberta pedindo que a companhia adote um plano climático, aprovado por acionistas. Tal plano deve ser aplicado à toda a companhia, seguindo os princípios indicados na carta. O montante de trabalhadores que assinaram a carta corresponde a cerca de um décimo do total de empregados.

“A Amazon possui recursos e escala para despertar a imaginação do mundo. E redefinir o que é possível e necessário para enfrentar a crise climática“, disse a carta, endereçada ao CEO, Jeff Bezos, e ao Conselho de Administração da empresa.

“A mudança climática é uma ameaça existencial. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apontou que uma alta de 2 graus Celsius […] vai ameaçar a vida de centenas de milhões de pessoas. E colocar milhares de espécies em risco de extinção“, continuou a carta.

O IPCC foi criado em 1988 pela iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em conjunto com a Organização Meteorológica Mundial.

“Nós já estamos observando impactos climáticos devastadores:

  • inundações sem precedentes na Índia e em Moçambique;
  • poços de água seca na África, deslocamento de costas na Ásia;
  • incêndios florestais e inundações na América do Norte;
  • além da quebra de safra na América Latina.”

O apelo feito ao CEO da Amazon é descrito como “urgentemente necessário”. “Nós somos uma companhia que entende a importância de pensar grande, tomando parte em problemas difíceis, e ganhando confiança […] Nossa obsessão pelo consumidor requer obsessão pelo clima“.

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Os princípios impostos à Amazon

Dentre os princípios contidos no plano climático, requerido pelos funcionários da Amazon, estão:

  1. Metas públicas e prazos consistentes com a ciência e o relatório do IPCC: emissões devem ser cortadas pela metade até 2030. Em comparação com os níveis de 2010. E devem chegar a zero em 2050.
  2. Completo distanciamento de combustíveis fósseis, ao invés de depender de compensações de carbono.
  3. Priorização dos impactos climáticos em decisões de negócios. Isto inclui encerrar todas as soluções personalizadas, especificamente projetadas para extração e exploração de petróleo e gás.
  4. Redução de danos às comunidades mais vulneráveis, primeiro. A poluição que geramos não é igualmente distribuída, e o impacto do clima será sentido primeiro por negros, indígenas e outras comunidades de cor, especialmente no Sul do planeta. Nós devemos priorizar a redução da poluição nestas comunidades.
  5. Advocacia por políticas locais, federais e internacionais que reduzam as emissões de carbono, em geral. Isto deve ser feito em alinhamento com o relatório do IPCC.
  6. Tratamento justo de todos os funcionários durante interrupções climáticas e eventos climáticos extremos. Locais de trabalho inseguros ou inacessíveis não devem ser motivo para reter pagamento, rescindir ou penalizar de outra forma os funcionários. Incluindo trabalhadores por hora e por contrato.

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Amazon já se comprometeu com postura pró meio ambiente

Em fevereiro deste ano, a Amazon anunciou a meta de ter 100% de infraestrutura global abastecida por energia renovável. Entretanto, não houve prazo para que o objetivo seja alcançado.

A empresa também se comprometeu a tornar metade de suas remessas de produtos neutras em emissões de dióxido de carbono (CO2). Desta vez, com a intenção de o fazer em 10 anos. A medida faz parte de um programa nomeado “Shipment Zero”.

Por que a cobrança foi feita?

A cobrança ocorre após a aproximação da empresa com o setor de petróleo e gás. Além de já trabalhar com a inglesa BP e a holandesa Shell, a Amazon tenta atrair mais empresas da área para seus serviços de computação em nuvem: Amazon Web Services (AWS). A informação é da revista “Exame”.

A empresa tenta se aproximar do setor por meio da promessa de acelerar e expandir a extração de petróleo e gás.

Atualmente, a AWS é uma das maiores fontes de receita da Amazon. A tecnologia responde por mais de 70% do lucro da empresa em 2018.

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Resposta indireta

A Amazon ou o CEO, Jeff Bezos, não responderam a carta diretamente. Contudo, o porta-voz da companhia, Sam Kennedy, comunicou:

“No início deste ano, anunciamos que compartilharíamos nossa pegada de carbono em toda a empresa, juntamente com metas e programas relacionados […] Somente nas operações, temos mais de 200 cientistas, engenheiros e designers de produtos dedicados exclusivamente a inventar novas maneiras de alavancar nossa escala para o bem dos clientes e do planeta. Temos um compromisso de longo prazo para alimentar nossa infraestrutura global usando 100% energia renovável“.

Confira a íntegra da carta aberta dos funcionários da Amazon clicando aqui.

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Amanda Gushiken

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