Amazon (AMZO34) reverte lucro e tem prejuízo de US$ 2 bi no 2T22; vendas superam previsão
A Amazon (AMZO34) registrou prejuízo líquido de US$ 2,0 bilhões no segundo trimestre deste ano, ou US$ 0,20 por ação diluída. Em igual período do ano passado, a empresa havia registrado lucro de US$ 7,8 bilhões, ou US$ 0,76 por ação. O resultado ainda contrariou a expectativa de lucro de US$ 0,12 por ação, dos analistas ouvidos pelo FactSet. A empresa diz que o prejuízo informado inclui uma perda de US$ 3,9 bilhões, gerada por seu investimento em ações ordinárias da Rivian Automotive.
As vendas líquidas da Amazon chegaram a US$ 121,2 bilhões no segundo trimestre, de US$ 113,1 bilhões em igual intervalo de 2021. Excluindo-se o impacto desfavorável de US$ 3,6 bilhões por causa do câmbio no período, o crescimento líquido nas vendas foi de 10% na comparação anual, apontou a empresa. O resultado da receita superou a previsão de US$ 119 bilhões dos analistas.
Depois do balanço, a ação da Amazon subia 11,83% no after hours em Nova York, às 17h24 (de Brasília).
A empresa afirma em seu balanço que, apesar das pressões inflacionárias continuadas em combustível, energia e transportes, ela faz progressos em controlar mais seus custos e melhorar sua produtividade.
A Amazon ainda diz que espera, no terceiro trimestre, que suas vendas líquidas fiquem entre US$ 125 e US$ 130 bilhões, crescimento entre 13% e 17% na comparação anual. Ao mesmo tempo, ela alerta para a imprevisibilidade diante de muitos fatores, como a pandemia da covid-19, variações cambiais, mudanças nas condições econômicas globais, na demanda dos consumidores e seus gastos, problemas em cadeias globais de produção, entre outros.
Frete grátis do e-commerce pode virar coisa do passado; veja o motivo
A forte alta dos preços dos combustíveis mudou a relação entre as gigantes do e-commerce e suas parceiras de logística. Com contratos mais flexíveis, estratégias como frete grátis e entregas rápidas – em 24 horas ou até no mesmo dia – devem perder espaço.
Segundo o CEO do grupo de logística Move3, Guilherme Juliani, o cenário está mudando rapidamente, com pressão de custos e entrada de competidores asiáticos, como AliExpress e Shopee no País.
Nesse sentido, diz o executivo, a logística tem papel fundamental. “Vemos algumas empresas de transporte que entraram em guerra de preços para atender o e-commerce entrando em sérias dificuldades financeiras”, frisa Juliani.
A diretora executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), Marcella Cunha, afirma que, em um cenário de imprevisibilidade, as estratégias estão mudando. “Entrega rápida e frete gratuito devem diminuir, porque estão cada vez mais caros.”
Segundo ela, definir o preço do frete está mais difícil. “Hoje, 40% dos custos de um operador logístico são dedicados ao combustível. Dependendo da distância, chega a 60%”, relata. “O operador logístico não consegue absorver esse custo e precisa repassar para os clientes.”
Fundador da consultoria Varese Retail e especialista em varejo, Alberto Serrentino afirma que o varejo enfrenta uma série de desafios no momento. “Não é só o aumento dos combustíveis. Estamos passando por um ajuste importante e saudável que vai amadurecer o mercado, levando a um maior rigor nas políticas comerciais”, diz.
Com isso, as entregas gratuitas têm ficado mais escassas, com o consumidor tendo de comprar mais para ter acesso ao benefício.
No Mercado Livre (MELI34), as compras de supermercado ganhavam frete gratuito a partir de R$ 79. Hoje, esse valor saltou para R$ 199. Em nota, a companhia afirmou: “Frente ao contexto macroeconômico no Brasil, realizamos algumas atualizações de políticas e custos de venda para produtos de consumo massivo, incluindo supermercados”.
No Magazine Luiza, o frete gratuito é oferecido apenas em compras feitas pelo aplicativo – e não vale para todos os casos. A lógica é a de que os clientes que têm o aplicativo fazem compras no app com mais frequência, fazendo valer a concessão do benefício.
Na Amazon, o frete gratuito está disponível para quem é assinante do serviço Prime. No entanto, a assinatura teve reajuste de 50%, passando de R$ 9,90 para R$ 14,90 no plano mensal. Já a anuidade foi de R$ 89 para R$ 119, alta de 33,7%.
Amazon (AMZO34) perde R$ 1 trilhão em Bolsa e reajusta o Prime
No final de maio a Amazon (AMZO34) teve o seu pior dia no mercado financeiro desde 2006. A empresa sofreu uma queda de 14% em valor de mercado e chegou a perder US$ 210 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) em um único dia. O movimento de venda aconteceu após um balanço fraco e estimativa baixa de crescimento para o próximo trimestre.
A Amazon fez a sua jogada após as perdas: anunciou um aumento no preço do serviço Prime, seu programa de benefícios que oferece acesso ao streaming, frete grátis em entregas pela empresa, entre outras regalias.
A partir de 20 de maio – ou 24 de junho, para quem já for assinante -, o valor mensal do Amazon Prime passará de R$ 9,90 para R$ 14,90, alta de 50%. Já a anuidade irá de R$ 89 para R$ 119, reajuste de 33,7%.
Para justificar o aumento, a companhia lembra que o serviço tem o mesmo preço desde o lançamento, em 2019, e que o reajuste vem após a “expansão dos benefícios”, diz a Amazon, em nota. “Até 19 de maio, todos os novos clientes que assinarem o plano anual ou membros mensais que converterem sua assinatura para a anual poderão aproveitar o preço atual de R$ 89/ano pelos próximos 12 meses”, diz.
A Amazon diz ainda que continua a investir no Prime e que, nos últimos anos, adicionou milhões de produtos ao programa com frete grátis. “O frete grátis em dois dias foi expandido de 90 para mais de mil cidades e, em 2021, lançamos a entrega Prime grátis em um dia, agora disponível em mais de 100 cidades”. A empresa lembra também que, em setembro, será lançada a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, aguardada pelos fãs da trilogia do cinema e avaliada como das séries mais caras da história. Apenas o primeiro ano do programa contou com um orçamento de US$ 465 milhões (R$ 2,4 bilhões).
(Com informações do Estadão Conteúdo)