Alta na inflação fica abaixo do esperado, afirmam especialistas; o que esperar dos juros?
Mesmo com a alta de 0,44% da inflação em setembro, os especialistas não viram os números como ruins.
A inflação veio mais alta em setembro com um aumento de 0,44% do IPCA, conforme divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira (9). Mas na visão de especialistas, o dado veio melhor do que o esperado.
O mercado previa um IPCA de 0,46%. Na visão de Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, os dados divulgados não foram ruins. A inflação de setembro veio mais baixa que o esperado, mas com algumas preocupações relacionadas à parte de alimentação que devem acelerar ao longo do ano.
Porém, a projeção da gestora é que a inflação feche 2024 em 4,60%. Para 2025, o IPCA deve ser de 3,60%, comenta o economista.
O que influenciou a alta do IPCA no mês foi o aumento de 1,80% no grupo de Habitação, impulsionado pela elevação de 5,36% no preço da energia elétrica residencial, decorrente da mudança na bandeira tarifária.
Devido à seca severa que atinge o país, a bandeira tarifária passou de verde para vermelha patamar 1.
O grupo Alimentação e bebidas também contribuiu para o aumento da inflação, com alta de 0,50%, refletindo a retomada da aceleração nos preços dos alimentos.
Com a inflação acima da meta do Banco Central, os juros devem subir mais
Na visão de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, mesmo com o IPCA acumulado em 12 meses tenha subido para 4,42%, “ele se mantém na região limite da meta do Banco Central, sem ultrapassar um patamar de grande preocupação”, comenta o analista.
Isso reforça a ideia de que o Banco Central poderá manter uma trajetória contracionista na Selic, uma vez que a inflação ainda está dentro de um nível gerenciável, mas segue trazendo preocupações para o futuro, finaliza Lima.
Mesmo assim, não há muito o que comemorar, acredita Alex Andrade, CEO da Swiss Capital. Mesmo com a alta mais “comportada” da inflação, ela persiste. Ou seja, provavelmente, o Banco Central deve subir novamente a Selic”, atualmente em 10,75%.
Gustavo Sung, da Suno Research, comenta que os dados demonstram um crescimento robusto da economia. Mesmo que esse crescimento seja positivo para a atividade doméstica, “ela gerar pressões inflacionárias ou retardar o ritmo de desaceleração”.
Por isso, diante de uma atividade econômica mais forte do que esperado, de uma inflação que deve terminar o ano próximo da banda superior da meta e uma taxa de câmbio acima de R$ 5,50, o BC deve continuar o ciclo de ajuste da taxa de juros, finaliza Sung.