Alta do dólar é nova preocupação em Wall Street e pode conter ganhos em ações
O dólar tem sido impulsionado recentemente por tensões cada vez maiores sobre o crescimento global e a alta dos rendimentos dos Treasuries. Nos últimos dias, o Dollar Index do Wall Street Journal atingiu o maior nível desde setembro de 2020. O indicador, que mede a moeda americana contra uma cesta de divisas rivais, vem subindo continuamente desde junho.
Um dólar forte tem potencial para conter os ganhos em ações e outros investimentos de risco. As empresas do S&P 500 geram 40% de sua receita fora dos EUA, de acordo com a FactSet. Quando o dólar se fortalece, o valor do dinheiro ganho no exterior diminui. As empresas e países de mercados emergentes também tendem a sofrer porque suas grandes dívidas denominadas em dólares se tornam mais difíceis de pagar.
“Um dólar mais forte pode ser uma espécie de bola de destruição. De modo geral, é um aperto nas condições financeiras globais”, diz o gerente de investimentos James Athey, da Aberdeen Standard Investments.
Alta do dólar é explicada pela expectativa de política norte-americana mais agressiva
O que mais tem impulsionado o dólar é a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) agirá mais cedo e de forma mas agressiva do que o antecipado para remover os estímulos à economia.
Restrições na cadeia global de suprimentos, preços de energia em alta e atividade industrial interrompida em mercados como a China e o Reino Unido também pesaram sobre as perspectivas de crescimento.
A moeda de reserva mundial tende a ter um bom desempenho em dois cenários: quando a economia global vai mal, e os investidores se protegem em ativos portos seguros, e quando a economia dos EUA está indo bem em comparação com outras, levando os operadores a abocanhar investimentos denominados em dólares.
“Os mercados estão mais cautelosos e nervosos com o risco de uma desaceleração adicional”, afirma Lee Hardman ao Dow Jones Newires, analista de dólar do banco japonês Mitsubishi UFJ Financial Group. Ele teme que o aumento global dos preços da energia atinja consumidores e empresas, ao mesmo tempo que aumenta as preocupações com a inflação.
(Com informações do Estadão Conteúdo)