O dólar vem acumulando altas expressivas ao longo de 2024, com uma valorização de mais de 10% frente ao real. No início de agosto, a moeda norte-americana atingiu um patamar de fechamento de R$ 5,73, reforçando a preocupação dos investidores brasileiros em relação à preservação do patrimônio.
No último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (19), a previsão para o dólar no final de 2024 voltou a subir após três semanas estáveis, passando de R$ 5,30 para R$ 5,31.
Por outro lado, há ainda uma relação inversamente proporcional entre a cotação da divisa norte-americana e o Ibovespa. A bolsa brasileira estava no vermelho no acumulado do ano, o que mudou somente após as fortes variações positivas do indicador nas últimas semanas — agora, após romper recordes históricos, o índice Bovespa acumula leve alta de 2,3% em 2024.
De modo geral, diversos fatores têm contribuído para a alta do dólar, incluindo a política monetária global restritiva, especialmente devido às incertezas econômicas nos Estados Unidos e aos conflitos geopolíticos. Esse cenário incentiva os investidores a migrarem para ativos mais seguros, como o dólar e o ouro, aumentando ainda mais a pressão sobre a moeda brasileira.
“Os investidores institucionais preferem tirar o dinheiro daqui e aplicar em títulos do governo americano pagando mais”, explica Marcel Balieiro, assessor de investimentos da Status Invest Assessoria.
Quais ações se beneficiam da alta do dólar?
Com a valorização do dólar, alguns setores da economia brasileira acabam se beneficiando, o que reflete nas ações de ativos desses segmentos. Segundo Balieiro, as empresas exportadoras de commodities são as que mais lucram com esse cenário.
“As empresas exportadoras de commodities como Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) e JBS (JBSS3) se beneficiam diretamente do dólar alto. Além delas, as exportadoras de grãos, como Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3), também se beneficiam”, comenta o especialista.
Além disso, empresas de celulose como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) também se destacam, já que seus produtos são cotados em dólar no mercado internacional.
Por outro lado, de acordo com o especialista, empresas que dependem da importação de insumos acabam sendo prejudicadas. “As empresas de transporte e logística se prejudicam pela alta do dólar, porque elas também têm dívidas em dólar. As empresas aéreas e de turismo também, porque muitos dos custos delas são em dólar. Varejo, consumo e turismo são as que mais perdem”, acrescenta Balieiro.
Como montar uma carteira para se proteger do dólar em alta?
Montar uma carteira diversificada é uma estratégia fundamental para quem deseja se proteger das flutuações do dólar. De acordo com o especialista, é possível adicionar empresas brasileiras que têm forte conexão com o mercado externo e que se beneficiam da alta do dólar.
“A diversificação é importantíssima em qualquer cenário. Investindo em ações de commodities, de petróleo, de celulose ou até mesmo de proteína, ou Embraer e empresas de proteína, conseguimos nos proteger da alta do dólar”, explica o assessor de investimentos.
Além disso, investir diretamente no exterior também pode ser uma forma eficaz de diversificação, especialmente em momentos de alta do dólar. Para quem tem um perfil mais conservador, também é possível investir em papéis de renda fixa no exterior, incluindo os bonds, como são chamados os títulos de dívida norte-americanos.
“Hoje já é possível investir em títulos de dívida de todas as empresas americanas, que são chamados Bonds, que tem, por exemplo, temos da Amazon, Google, Apple, Berkshire Hathaway, que é a do Warren Buffett, tem, ou seja, tem uma infinidade de títulos disponíveis hoje ao nosso alcance, e também os títulos do governo americano. Eles pagam menos, mas eles são os títulos mais seguros do mundo”, diz Balieiro.
Já para os investidores mais arrojados, ativos de renda variável no mercado estadunidense são boas opções para quem quer proteger o patrimônio diante da alta do dólar. Para quem quer investir diretamente do Brasil, além dos BDRs, que são papéis negociados na bolsa brasileira que representam ações emitidas em outros países, é possível aplicar também em ETFs atrelados à bolsa americana, como IVVB11 e SPXI11, por exemplo.
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