Alpargatas planeja abrir lojas no México
A Alpargatas está estudando a possibilidade de entrar no mercado do varejo do México abrindo lojas próprias.
A empresa, dona das marcas Havaianas, Osklen e Dupé, comercializa seus produtos no México através de parcerias com distribuidores. Entretanto, o diretor-presidente da Alpargatas, Roberto Funari, afirmou nesta segunda-feira (18) que a empresa pretende entrar no mercado varejista do país.
Funari comentou em teleconferência com analistas os resultados financeiros do quarto trimestre. Na ocasião, ele salientou como o sistema de vendas no varejo está sendo expandido em toda a América Latina.
Por exemplo, a Alpargatas já investiu no modelo de venda direta no varejo com a marca Havaianas em países como Colômbia e na Argentina.
Entretanto, na Argentina a Alpargatas estuda vender ativos considerados “não estratégicos” ao longo de 2019. Segundo Funari, os negócios “não significativos” serão vendidos.
A empresa já começou esse processo de desinvestimento o ano passado. Em setembro vendeu 22,5% da operação da Topper na Argentina ao Grupo Sforza, por R$ 100 milhões. No contrato, o comprador tem a opção de adquirir o restante da participação na Topper no país.
Além disso, essa estratégia de venda direta no mercado varejista será implementada na Ásia.
Também no continente asiático a empresa brasileira trabalha com distribuidores locais. Na Índia, por exemplo, a Alpargatas criou uma joint venture com a Periwinkle Fashions Private Limited. Na China trabalha com parceiros para a venda direta.
Resultado em queda
A Alpargatas registrou um lucro líquido em queda de 8,5% em 2018 em comparação com 2017. A empresa de calçados obteve um lucro de R$ 331,6 milhões.
Entretanto, do ponto de vista do lucro bruto, a Alpargatas registrou um crescimento de 4,5%, chegando a R$ 1,71 bilhão. Mas margem bruta de lucro diminuiu de 0,2 ponto percentual, alcançando 43,9%. Do outro lado, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) subiu 16,1%, totalizando R$ 564,7 milhões. Um resultado positivo obtido graças a um maior controle das despesas e ganhos com variação cambial nas vendas para países do Hemisfério Norte.
A receita líquida de Alpargatas cresceu cresceu 4,9% no mesmo ano, chegando a R$ 3,90 bilhões. Participou desse resultado um ganho não recorrente de R$ 9,4 milhões em 2018, em comparação com uma perda de R$ 17,8 milhões no ano anterior.
Resultados do 4º trimestre
Na análise trimestral, a Alpargatas registrou no 4º trimestre de 2018 um lucro líquido de R$ 93,3 milhões. Um resultado em aumento de 97,9% em comparação com o mesmo período de 2017.
O aumento das vendas no Brasil e no mercado internacional, além dos ganhos com variação cambial, contribuíram para esse resultado. Os mercados angolano, paraguaio e colombiano tiveram desempenho positivo. Por outro lado, foram registrados resultados negativos na argentina e no México.
No 4º trimestre a receita líquida cresceu 8,75%, chegando a R$ 1,2 bilhão, com R$ 944,9 milhões obtidos no Brasil, um crescimento de 12,9%.
Volume de vendas em aumento
Sob o perfil do volume de vendas, as marcas Havaianas e Dupé cresceram 13%, alcançando 71,3 milhões de pares. Por sua vez, as vendas de calçados esportivos aumentaram 0,3%, para 777 mil pares.
As vendas no mercado internacional também registraram um aumento de 10,3%, totalizando 7,17 milhões de unidades. Isso permitiu um aumento de 29,3% na receita líquida, que chegou a R$ 136,9 milhões. A valorização do dólar e do euro em comparação ao real também ajudou nesse resultado.
Entretanto, na Argentina, as vendas caíram 26,7%, chegando a R$ 118,0 milhões. A desvalorização do peso argentino e a compressão do mercado não ajudaram nas vendas. A comercialização de artigos esportivos caiu 29,7% em volume, para 3,67 milhões de unidades. Por sua vez, as vendas de artigos têxteis caíram 43,7%, para 1,9 mil quilômetros de tecidos.
No 4º o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) cresceu 117,9%, alcançando R$ 123,6 milhões. Entretanto, excluindo os itens não recorrentes, o EBITDA recorrente cresceu 12,6%, chegando a R$ 220,3 milhões.
Efeitos negativos no balanço
Entre os itens não recorrentes destacados pela Alpargatas no balanço do último trimestre do ano passado está o efeito negativo da venda da participação na Topper Argentina (ASAIC). Além disso, também houveram perdas de estoque e rescisões trabalhistas, mesmo com contrapartidas positivas de créditos tributários e baixa contábil de ativos. Um resultado afetado negativamente por R$ 41,2 milhões.
Na Argentina foi registrado um impacto negativo de R$ 40,3 milhões. Desses, R$ 27,8 milhões eram oriundos de ajuste de inflação e R$ 12,5 milhões relativos à reestruturação das operações. Por sua vez, a Alpargatas registrou um impacto negativo de R$ 15,2 milhões nos Estados Unidos. Um resultado provocado pela provisão de contingência cível na Alpa USA.