Em relatório divulgado na terça-feira (2), a XP (XPBR31) atualizou suas estimativas para a Allos (ALOS3), considerando o crescimento inorgânico apresentado nos últimos 5 anos com fusões e aquisições. A casa tem recomendação compra para as ações da companhia.
Para a XP, mesmo após o forte rali de 2023, com alta de 68%, a casa ainda considera que o nível de valuation da Allos segue atrativo, negociado a 11,4 vezes a relação entre o preço sobre fluxo de caixa de operações (FFO, na sigla em inglês) – além de forte perspectiva para este indicador em 2024 e 2025.
“A Allos demonstrou uma forte capacidade de gestão, esculpindo seu portfólio por meio de desinvestimentos em shoppings não core, ao mesmo tempo em que gerou um fluxo de caixa significativo, o que continuamos a ver como um gatilho à frente. Além disso, a empresa parece estar capturando gradualmente as sinergias de despesas da fusão com a brMalls, o que pode ser importante para ganhos de rentabilidade olhando para frente”, disse a casa.
Além disso, a XP enxerga, ainda, que há espaço para mais desinvestimentos. Pela análise, há 314 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) própria em ativos-alvo potenciais, como shoppings menos rentáveis.
Em termos de impacto, estima-se um volume de caixa adicional de Allos aproximadamente R$ 1,4 bilhão no cenário base (considerando uma taxa de capitalização de 8,6% e a venda de 40% dos ativos-alvo), o que parece atrativo, embora essa consideração não seja incluída nas estimativas da XP.
XP sobre Allos: “Temos uma perspectiva otimista para as margens”
Ainda no relatório, a XP pontuou que a perspectiva para as margens da Allos é otimista, destacando fatores como controle da inadimplência líquida, crescimento gradual da taxa de ocupação e a captura de sinergias adicionais de despesas administrativas, de vendas e gerais (SG&A, na sigla em inglês).
Apesar de um ambiente desafiador para o crescimento da receita da Allos em 2024, puxado pela pressão na dinâmica do IGP-M, os analistas da XP esperam que a companhia mantenha níveis sólidos de margem lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, atingindo 74,6% ao fim de 2024 e 75,4% ao fim de 2025.
Essa estabilidade nas margens, diz a XP, é prevista para sustentar o forte crescimento do fluxo de caixa de operações (FFO), com aumento de 10% na comparação anual em 2024 e 21% em 2025, impulsionado também por uma receita financeira positiva proveniente das recentes vendas de ativos, começando no primeiro semestre deste ano.
A XP tem recomendação de compra para as ações de Allos, com preço-alvo a R$ 34,00.
Allos (ALOS3): lucro cai 88,1% no 3T23, para R$ 23,6 milhões
A Allos (ALOS3), grupo resultante da fusão entre Aliansce Sonae e BrMalls, reportou recuo de 88,1% no seu lucro líquido entre o terceiro trimestre de 2023 e o mesmo intervalo de 2022, indo a R$ 23,6 milhões.
O lucro da Allos no 3T23 foi afetado pelo aumento nas despesas financeiras líquidas. Já na parte operacional, houve incrementos.
O Ebitda ajustado da Allos (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) teve alta de 11,2%, para R$ 480 milhões. A margem Ebitda aumentou 3 pontos porcentuais, para 74,9%, ajudada pela redução de despesas.
O FFO (lucro líquido excluindo depreciação, amortização e efeitos não caixa) aumentou 4,8%, indo a R$ 281,6 milhões, alavancado pela captura de sinergias e maior eficiência fiscal, segundo a companhia. A margem FFO diminuiu 0,8 ponto porcentual, para 43,9%.
A receita líquida da Allos teve alta de 6,7%, totalizando R$ 640,9 milhões. A receita de locação de espaços para os lojistas subiu 5,7%, para R$ 496,3 milhões; e as de estacionamento deram um salto de 17,7%, para R$ 114 milhões.
Todos os dados acima excluem o ajuste linear sobre a receita de aluguel. A comparação anual se deu em base pro forma para tornar os dados equivalentes, uma vez que o grupo fez a venda parcial ou total de sete shoppings no período entre os dois balanços.
As despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A) tiveram redução de 6,8%, para R$ 94,3 milhões, devido à captura de sinergias da combinação de negócios entre Aliansce Sonae e BrMalls.
A linha de “outras receitas/despesas operacionais” foi negativa em R$ 124,2 milhões. O que mais pesou aí foi o impairment de ativos (R$ 105,2 milhões), sem efeito no caixa. A companhia explicou que isso foi gerado pela diferença entre a avaliação do valor justo dos ativos recebidos da BrMalls na combinação de negócios e os valores de venda negociados para o Shopping Jardim Sul e Shopping Estação.
O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa de R$ 158,2 milhões, que foi 29,6% maior na comparação anual. A companhia reportou queda nas receitas financeiras devido ao menor saldo médio de caixa.
A Allos terminou o terceiro trimestre de 2023 com uma dívida líquida de R$ 4,448 bilhões e posição de caixa de R$ 1,808 bilhão.
Desempenho das ações de Allos
Cotação ALOS3
*Com informações de Estadão Conteúdo