Todo o mundo identifica Elon Musk como o fundador e CEO da Tesla (NASDAQ: TSLA). Entretanto, o genial empresário é muito mais do que a fabricante de carros elétricos.
Além da Tesla, Musk está engajado em várias outras empreitadas: algumas já operacionais, outras mais futuristas.
O visionário empresário construiu um verdadeiro império em muitos setores econômicos.
E o dinheiro obtido graças a Tesla, que se consagrou no começo de 2021 no S&P 500 com uma capitalização próxima de US$ um trilhão (cerca de R$ 5,5 trilhões), ajudou a financiar outras operações.
Tudo, claro, com a polêmica regularmente gerada por seus tweets ou suas entrevistas, que nem sempre ajudaram a cotação do título em Wall Street.
O negócio espacial
O segundo negócio mais famoso de Musk, depois da Tesla, é a SpaceX.
Fundada em 2002, o objetivo da empresa é tornar a “humanidade multiplanetária”. E, claro, ganhar dinheiro com isso.
E como obter um faturamento interessante dessa ousadia? Através de várias atividades.
Primeiro, existem as viagens espaciais. No verão passado, a SpaceX foi a primeira empresa privada comercial a trazer dois astronautas para a Estação Espacial Internacional. Trazendo-os de volta após o final da missão.
A partir desse feito, a ideia é explorar comercialmente as viagens futuras no cosmo.
Mas não somente isso. Outra oportunidade é o transporte de satélites.
Há poucos dias, a SpaceX lançou 143 satélites com o foguete Falcon 9. Um recorde mundial para uma única missão.
Uma operação que faz parte do projeto SmallSat Rideshare, com o qual governos e empresas privadas podem colocar em órbita pequenos satélites a um preço acessível. Cerca de US$ 5 mil (cerca de R$ 30 mil) por kg transportado, contra os US$ 15 mil gastos por empresas públicas.
E o preço é exatamente um dos grandes problemas dessas atividades.
A questão está ligada a vários fatores: desde os enormes investimentos na construção de um único foguete à complexidade tecnológica do mesmo até a baixíssima tolerância a falhas. Por exemplo, se um foguete quebra é difícil consertá-lo em pleno voo.
Mas não existe apenas o programa de lançamentos espaciais. O fundador da Tesla vai além: para Marte.
A meta de longo prazo é trazer a humanidade para o planeta vermelho até 2050.
Para isso, Musk já adiantou que “o custo por tonelada em órbita deve melhorar em mais de 1.000% em relação a onde ele está hoje”. Vamos ver se terá sucesso nessa aposta.
Internet via satélite
A SpaceX também quer explorar suas atividades no espaço também na frente das telecomunicações.
Como? Com o projeto Starlink.
O programa visa fornecer internet de alta velocidade à população não alcançada por redes terrestres. Uma internet das estrelas.
Já no início da década de 1990, várias empresas nos Estados Unidos estavam focadas na construção de constelações de satélites para fornecer internet de banda larga. Muitos deles falharam e quebraram, como a Iridium, Teledesic, Globalstar e a OneWeb.
Um dos problemas é a chamada latência: a quantidade de tempo que um pacote de dados leva para viajar entre a Terra e o satélite.
Com o passar dos anos, esse problema foi limitado. Especialmente colocando constelações de satélites em órbitas mais próximas da Terra.
Em geral, provedores de internet via satélite registram uma latência de cerca de 600 milissegundos. A SpaceX tem como objetivo menos de 20 milissegundos.
A empresa do fundador da Tesla lançou recentemente 60 satélites, ultrapassando assim a marca de mil unidades.
A ideia, em uma primeira fase de lançamento em órbita, é chegar a 1.500 satélites.
A SpaceX já recebeu autorização para lançar pelo menos 12.000 unidades.
O serviço de internet da Starlink está sendo testado em algumas áreas rurais do norte dos EUA e do sul do Canadá, além do Reino Unido.
Energia solar
Além da Tesla, das viagens espaciais e da internet das estrelas, Elon Musk, também está interessado no setor de energia solar.
Em 2016 o empresário sul-africano comprou a SolarCity por US$ 2,6 bilhões. A empresa, líder de mercado nos EUA, atua na instalação de painéis solares para uso residencial.
Com a SolarCity Musk não somente conquistou tecnologias inovadoras, mas também ganhou uma nova escala comercial.
A empresa foi pioneira na estratégia do chamado “leasing solar”. Um sistema que permite ao proprietário instalar gratuitamente painéis solares nas lajes pagar os custos através de uma mensalidade.
A Tesla comprou a empresa em um momento de dificuldade, quando os pedidos dos clientes e uma política de vendas muito agressiva, que sugeria uma economia excessiva para o usuário, levaram a uma redução no faturamento.
Por causa disso, muitos acionistas se rebelaram contra essa aquisição, especialmente pelo preço pago pela SolarCity, e processaram diretoria da Tesla. O processo ainda está aberto.
Polêmicas e processos a parte, a estratégia da energia solar residencial continua avançando. Gerando também sinergias com a produção de carros elétricos.
O objetivo é ter um ecossistema que permita a produção de energia com painéis solares para carregar as PowerWall, as baterias domésticas, que possa ser também utilizada para o veículo elétrico.
Hyperloop
Outra frente de negócios de Musk são os transportes ultrarrápidos. Outro ponto que gerou polêmica para Musk.
O projeto Hyperloop prevê uma tecnologia para o transporte em alta velocidade de mercadorias e passageiros através de tubos de baixa pressão, em que as cápsulas são acionadas por motores de indução linear e compressores de ar.
A tecnologia atraiu muita gente, entre empresários e instituições. Por exemplo, em 2018 o governo da cidade chinesa de Tongren anunciou um acordo com a californiana Hyperloop Transportation Technologies para a construção de uma ferrovia ultrarrápida.
E o Departamento de Transporte dos EUA já publicou um guia para o Hyperloop, colocando a tecnologia sob a jurisdição da Administração Federal das Ferrovias. O que torna os projetos futuros elegíveis para subsídios públicos.
Entretanto, o Hyperloop ainda não é uma tecnologia comercialmente viável. Mas Musk continua acreditando, e investindo, no projeto.
Microtúneis (pensando na Tesla)
Mas além do Hyperloop o fundador da Tesla também está trabalhando em um projeto de microtúneis.
Diz a lenda que Musk estava preso em um engarrafamento em Los Angeles quando, cansado de ficar parado, teve uma ideia para resolver definitivamente o problema do trânsito. Cavar túneis para a passagem de veículos, evitando assim os congestionamentos.
A inovação não foi na ideia dos túneis, mas sim na possibilidade de construí-los com baixo custo e rapidez.
Em geral o principal problema das escavações urbanas é o custo. Cavar milha custa entre US$ 100 milhões e US$ um bilhão.
Mas a nova empresa de Musk, chamada de “The Boring Company” [A empresa entediante, na tradução em português] afirma ter reduzido esse valor para US$ 10 milhões por milha.
Uma redução dos custos atribuída a 2 fatores: o tamanho do túnel e a velocidade de construção.
Isso pois quanto maior o túnel, mais o custo para construí-lo. A The Boring Company pretende construir túneis de apenas 4 metros de largura. Para ter uma ideia, o Túnel Rebouças, no Rio de Janeiro, tem cerca de 9 metros de largura por cada galeria.
Essa redução pode gerar uma economia de milhões de dólares.
E, além dos custos, fica claro que se a seção escavada for menor, maior será a velocidade da construção do túnel.
A verdadeira questão é ligada a parte técnica. A maior parte do espaço dos túneis é para ventilação da poluição produzida pelos motores de combustão dos veículos. Os túneis da The Boring Company, por outro lado, são bem menores por serem projetados para carros elétricos, que não produzem fumaça.
Ou seja, Musk já está projetando uma reformulação do espaço urbano pensando em um futuro onde os únicos carros circulando serão os da Tesla.
Obviamente, a realidade é mais complexa. No caso dos microtúneis inda estamos na fase de alguns projetos pontuais.
Por exemplo, o primeiro contrato assinado pela The Boring Company foi o circuito do Centro de Convenções de Las Vegas.
Uma rede de 1,3 km para transportar os participantes da convenção dentro do próprio centro. Uma viagem de 20 minutos que poderia ser reduzida para um minuto.
Inteligência artificial diretamente no cérebro humano
Por último, está a inteligência artificial. Em várias ocasiões Musk alertou publicamente contra os riscos da IA se tornar muito poderosa e tornar o homem “um animal de estimação”.
Por outro lado, ele expressou a vontade de criar algum sistema que permita às pessoas combater o perigo em questão.
Para isso, além do OpenAi, nasceu o Neuralink. Lançado em 2016 é o projeto visa construir uma interface cérebro-computador (Bci) que conecte o cérebro humano diretamente a computadores.
Bci é um implante cerebral, geralmente um chip de eletrodo de alguns milímetros quadrados, que é implantado cirurgicamente diretamente no cérebro.
Os eletrodos coletam a atividade elétrica das células cerebrais, neurônios e as transmitem para um computador.
Durante o registro da atividade cerebral, o participante realiza uma atividade como, por exemplo, mover um joystick para guiar um cursor na tela.
Os cientistas podem então tentar usar algoritmos para relacionar a atividade cerebral ao movimento, ensinando um computador que, quando certos neurônios disparam, o cursor deve se mover para a esquerda.
Dessa forma, seria possível parar de usar o joystick e mover o cursor exclusivamente por meio da atividade cerebral.
A abordagem, que há algum tempo vem sendo pesquisada por laboratórios militares, ainda está longe de ser concretizada.
Mas assim como a Tesla parecia uma miragem há poucos anos atrás, a evolução tecnologia poderia deixar a IA muito mais próxima do que imaginamos.
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