Em sua carta anual a cotistas, os gestores da Alaska Asset Management destacaram que o processos de aperto monetário que sucedeu a queda de juros global em meio à pandemia funciona como um mecanismo de “darwinismo econômico” que testa a resiliência e a adaptabilidade das empresas.
Além disso, a oscilação entre os cenários de condução da política monetária também colabora para que as empresas se preparem melhorar para adversidades, segundo o Alaska.
“Assim, paradoxalmente, o aperto monetário pode ser visto não como um vilão, mas como um agente de purificação e fortalecimento das empresas”, diz a gestora.
“E, por fim, não bastassem os benefícios macroeconômicos e matemáticos do início do processo de corte nas taxas de juros, é possível se ter acesso a um grupo ainda mais seleto de empresas sobreviventes que irá emergir mais forte, com maior dominância de mercado e margens maiores, mais eficientes e robustas”, completa.
A casa manteve desempenho positivo em todos os seus fundos durante o ano de 2023, cujo maior retorno ficou no Alaska Black FIC FIA II – BDR Nível I, que avançou 59,4%. O Alaska Institucional FIA, um dos principais fundos da casa, teve uma rentabilidade de 35,5%.
Sobre o ambiente de renda variável – que é o grande foco da Alaska – os gestores da casa destacaram que foi um ano de bons números, com desempenhos positivos tanto em bolsas internacionais quando em mercados emergentes.
A tese é de que dados robustos da economia americana afastaram o receio de uma recessão no curto prazo em conjunto com a expectativa crescente ao longo do ano de encerramento do ciclo de alta de juros nos principais mercados globais, em especial nos EUA.
Esse cenário foi colaborou fortemente para o desempenho dos mercados globalmente.
“Essa expectativa foi confirmada no final do ano com o encerramento do ciclo de aperto monetário tanto nos EUA quanto no mercado europeu. O índice MSCI Emerging Markets, embora tenha encerrado o período em terreno positivo, não acompanhou o índice das economias desenvolvidas, principalmente por conta do fraco desempenho das bolsas chinesas que foram impactadas pela atividade econômica aquém do esperado, observa.
“Dados mais amenos tanto da inflação quanto da atividade econômica nos EUA ao final do ano levaram o mercado a projetar cortes de juros ainda no primeiro semestre de 2024, o que ampliou os ganhos das bolsas em 2023”, completa.
Em meio às bolhas, Alaska teve de ‘se manter fiel à sua filosofia’
Em sua carta, os especialistas reafirmaram o cenário absolutamente inusual de queda global de juros, em que nenhum país estava estável ou subindo sua taxa básica de juros.
“Uma dinâmica de taxas muito abaixo do valor de equilíbrio econômico normal faz com que o agente econômico médio tenha que aumentar seu apetite por investimentos de maior rentabilidade para obter retornos que antes obtinha apenas com poupança. O retorno mínimo exigido pelo investidor foi reduzido de forma tão vertiginosa que alocações de capital antes consideradas ruins, passaram a ser atrativos frente aos retornos negativos oferecidos pelos ativos de poupança”, observa.
“Empresas sem perspectiva de lucratividade ou geração de caixa futura captaram grandes quantidades de recursos de investidores através de IPOs ou investimentos privados. Fortunas foram movimentadas nas negociações de NFTs e outros ativos aparentemente impossíveis de se valorar e uma narrativa de “novo normal” foi usada para justificar investimentos astronômicos em ativos que só parariam de pé se a disfunção econômica global fosse mantida ad infinitum”, completa.
Com isso, o Alaska destaca que “assim como em todas as bolhas, o investidor de valor se viu na encruzilhada de se manter fiel a seu processo de investimento”.