O Brasil é um dos líderes do agronegócio mundial, se destacando na produção e exportação de diversos produtos agropecuários. Em 2023, o PIB do agronegócio correspondeu por 23,8% do PIB do País, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Neste contexto, os Fiagros (Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) alcançaram a marca de R$ 21,3 bilhões em patrimônio líquido ao final do ano anterior.
“Em 2023, mais uma vez, o agronegócio brasileiro atingiu novo recorde de vendas ao exterior. O quantum exportado (volume) registrou alta de 15,6%, enquanto os preços dos produtos exportados tiveram queda de quase 10% na média do período. Mas o avanço do volume proporcionou ao setor o valor em dólar recorde de US$ 166 bilhões, alta de 4,3% frente a 2022”, afirma Lenon Barbosa, analista de agronegócio da Suno.
De acordo com o Cepea, a população ocupada no agronegócio brasileiro somou 28,34 milhões de pessoas – novo recorde da série histórica iniciada em 2012. A participação do setor no total de ocupações do Brasil foi de 26,8%.
Segundo Barbosa, o Brasil é um importante produtor e exportador mundial de commodities agrícolas, como soja, carne (bovina, suína e de frango), café, cana-de-açúcar, milho, algodão e laranja. Além de contribuir significativamente para a economia brasileira, esses produtos desempenham um papel crucial no abastecimento global de alimentos e recursos.
“A indústria agrícola brasileira é altamente desenvolvida e tem uma forte presença nos mercados internacionais, sendo fundamental, especialmente para a China, em diversos setores”, explica o analista.
Para se ter uma ideia da dimensão, as exportações brasileiras de produtos do agronegócio alcançaram US$ 37,44 bilhões somente no primeiro trimestre deste ano. O valor, recorde para o período, é 4,48% superior ao obtido pelo agronegócio de janeiro a março do ano passado, o equivalente a um aumento de US$ 1,59 bilhão.
Agronegócio: Fiagros contribuem para financiamento do setor
Com um setor pujante e reseliente, os Fiagros oferecem uma alocação de capital profissional, com equipes especializadas dedicadas a buscar as melhores e mais seguras oportunidades de investimento no agronegócio.
Além de democratizar o investimento no setor, os Fiagros permitem que investidores interessados no agronegócio não precisem comprar uma fazenda, montar uma equipe de funcionários ou imobilizar uma grande parte de seu capital. Com apenas R$10,00, o investidor pode adquirir uma cota de Fiagro e se beneficiar dos ganhos do setor.
“E ainda vejo uma avenida gigantesca a ser pavimentada, existe muito espaço para investimentos no agronegócio. O agro brasileiro é uma referência em produção, mas carece ainda de irrigação e armazenagem, problemas que serão solucionados pelo mercado de capitais”, diz Barbosa.
O analista afirma que, em apenas três anos, os Fiagros já chegaram a R$ 34 bilhões investidos no agronegócio.
Segundo Amanda Coura, analista da Suno Asset, o setor agropecuário continua apresentando um potencial de crescimento significativo, demandando investimentos substanciais para sustentar sua expansão. Com os investimentos bancários cada vez mais restritos e não acompanhando o ritmo de crescimento do setor, o mercado de capitais continuará sendo crucial para suprir essa demanda.
Em janeiro deste ano, os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros) registraram captação líquida de R$ 20,5 milhões em janeiro. O patrimônio líquido dos Fiagros agora é superior a R$ 34,4 bilhões, uma alta de 42,1% ante começo de 2023.
“Os dados mostram uma evolução rápida e positiva dos Fiagros. O produto deve continuar a desempenhar um papel importante no financiamento do agronegócio e a oferecer aos investidores ainda mais oportunidades de diversificação da carteira”, afirma Sérgio Cutolo, vice-presidente da Anbima.
Como está o ano de 2024 para o agronegócio?
Para Barbosa, o agronegócio segue forte, mesmo diante de um cenário mais desafiador para Soja com a queda abrupta dos preços e estados como Mato Grosso sofrendo com El niño.
No entanto, foi possível presenciar cenários muito bons para outras cultura, como a cana de açúcar para produção de açúcar, café, cacau.
“Em relação à inadimplência e algumas RJs, vejo como um reflexo de uma má gestão de algumas empresas de agronegócio. Os produtores e empresas que vêm fazendo uma boa gestão nos últimos anos veem esse cenário atual com um olhar oportunidades”, comenta Barbosa.
Exemplos não faltam: a Boa Safra (SOJA3) está fazendo captação de R$ 300 milhões através follow-on para expandir sua operação e ganhar marketshare; a 3tentos (TTEN3) vem emitindo debêntures a fim de expandir sua operação para região centro-oeste e a SLC agrícola (SLCE3) está fazendo recompra de ações.
No mercado, o Fiagro SNAG11, sob gestão da Suno Asset, é um dos fundos do setor que permanece com inadimplência zerada. Com patrimônio líquido de R$ 503,9 milhões, equivalente a R$ 10,07 por cota, o fundo atua com alocações pulverizadas junto à Boa Safra e também detém a propriedade de imóveis alugados a produtores rurais.
“E isso também vale para produtores rurais que vêm fazendo uma boa gestão de suas propriedades rurais. Para esses produtores haverá bastante recurso disponível oriundos dos mercado de capitais e investidores que saberem escolher bons Fiagros vão se aproveitar dos ganhos do setor mais competitivo da nossa economia”, conclui Barbosa.
Agronegócio em março
Nos três primeiros meses do ano, a receita da balança do agronegócio foi sustentada principalmente pelo aumento das vendas externas de açúcar (+US$ 2,52 bilhões), algodão (+US$ 997,41 milhões) e café verde (+US$ 563,64 milhões).
O bom resultado nas vendas desses produtos compensou a queda nas exportações de milho (-US$ 1,2 bilhão); soja em grãos (-US$ 901,30 milhões) e óleo de soja (-US$ 543,45 milhões), destacou a pasta.
No primeiro trimestre deste ano, as importações de produtos agropecuários cresceram 3,7% em relação a igual mês do ano anterior, para US$ 4,635 bilhões, equivalente a 7,8% do total internalizado pelo País no período.
Com isso, o saldo da balança comercial do setor ficou positivo em US$ 32,806 bilhões frente aos US$ 31,376 bilhões de igual período de 2023.
Em março, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 14,21 bilhões, queda de 10,8% ante igual mês do ano passado. O ministério atribui o desempenho negativo à redução nos preços internacionais dos alimentos.
O índice de preços dos produtos do setor exportados pelo Brasil recuou 11,9% em comparação com março de 2023. Já o volume embarcado pelo agronegócio aumentou 1,3%.
Os cinco principais setores exportadores em março foram: complexo soja (44,3% de participação nas exportações do setor), carnes (12,8% do total), complexo sucroalcooleiro (11,3% do total); produtos florestais (9,4% do total); e café (5,7% do total).
Juntos, estes setores responderam por 83,4% do valor total exportado pelo Brasil do mês.
A China manteve-se como principal destino dos produtos do agronegócio brasileiro no mês, respondendo por 35,9% dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro. Os embarques ao país asiático, contudo, recuaram 23% na comparação anual para US$ 5,10 bilhões.