Fintech Agrolend capta R$ 120 mi e quer ter carteira de R$ 1 bi em 2023
A fintech Agrolend, criada há pouco mais de um ano, acabou de alcançar R$ 80 milhões em uma rodada de Série A e um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) de R$ 40 milhões.
A empresa, que viabilizou R$ 40 milhões em crédito para aproximadamente 230 agricultores de pequeno e médio porte em três meses, agora terá capacidade de chegar a aproximadamente R$ 400 milhões em 2022 e R$ 1 bilhão em 2023 e alcançar 5 mil clientes. A meta é multiplicar por dez esse volume até 2027. Desta forma, a Agrolend avança em um mercado bilionário de pouca inovação e dominado pelo crédito rural de bancos tradicionais.
O aporte foi conduzido pelo Valor Capital, levando investidores que já haviam entrado numa rodada de capital semente de US$ 1,8 milhão em abril de 2021. Entre eles, estão a americana Continental Grain, SP Ventures, Provence Ventures e Barn Invest, além de investidores-anjo.
A rapidez eficiente na concessão do crédito para seus clientes, em que capital de giro cai em um dia na conta do cliente, além de utilizar um processo inteiramente digital, levou a consolidação como empresa, com contratos, equipe e receita, representado pela Série A.
O nascimento da fintech já vinha com a ambição de ser uma espécie de Nubank (NUBR33) do agronegócio. A Agrolend foi fundada pelos irmãos Andre e Alan Glezer, Carlos Fagundes, Valeria Bonadio e Leopoldo Vettor.
A premissa da fintech é levar acesso e facilidade para áreas distantes das capitais, para o cliente que tem uma idade mais avançada. O foco sai do urbano, mas entra na falta de tecnologia financeira no mundo do agronegócio. “O agro tem muita tecnologia de solo, fertilizante, logística, mas em serviços financeiros os processos ainda são os mesmos”, diz Andre, CEO da Agrolend, que trabalhava na Arlon anteriormente, gestora americana de private equity focada no agronegócio.
A empresa é registrada como uma Sociedade de Crédito Direto (SCD), e parte do recurso vindo da rodada de negócios será direcionado para avançar com o time de tecnologia e alcançar uma certificação CFI junto ao Banco Central, de forma que se torne uma financeira do agronegócio.
No momento que a certificação estiver assegurada, a Agrolend poderá emitir LCAs (Letras de Crédito Agrícolas), distribuindo o papel no varejo, por meio de corretoras de investimentos. A captação de LCAs traz uma boa vantagem de custo de capital para a empresa: por oferecer isenção de Imposto de Renda (IR) para pessoa física, dá para fazer com o custo do CDI um funding mais barato que os FIDCs, que em geral saem a CDI + 5%.
Quando se trata da análise de crédito, a Agrolend já tem parcerias com 10 empresas de dados, facilitando a análise do perfil do produtor. Outro ponto para mitigar o risco de crédito, a fintech tem uma carteira diversificada, tanto em relação ao tipo de cultura agrícola, como regiões e número de produtores.
O CFO da Agrolend afirma que o risco não é um produtor específico, mas externo, como os valores das commodities, câmbio e clima. Ele diz que o maior produtor representa apenas 0,75% da carteira. Além disso, de acordo com dados do Banco Central (BC), a inadimplência é estruturalmente baixa no setor, de 1% a 4%.