A Agrogalaxy (AGXY3) pediu recuperação judicial recentemente e sofreu com uma debanada no Conselho de Administração.
Nesse contexto, uma série de Fiagro – os expostos à CRAs vinculados á companhia – sofreram na bolsa por conta da recuperação judicial da Agrogalaxy.
Apesar disso, especialistas apontam que o evento não deve causar contaminação generalizada no crédito agro.
A Multiplike, companhia especializada em crédito para médias e grandes empresas, defende que a pulverização do setor do agronegócio impede que o evento tenha um peso tão grande.
O CEO da Multiplike, Volnei Eyng, comenta que esse fator “limita a possibilidade de uma crise financeira se espalhar por toda a cadeia do agronegócio.
Com isso, a relação da crise com o setor é distinta, por exemplo, do que ocorreu no setor de varejo após a crise da Americanas (AMER3), dado que se trata de um mercado mais concentrado.
Eyng ainda aponta que a crise da AgroGalaxy se aprofundou devido a uma combinação de fatores, incluindo a queda drástica nos preços das commodities, condições climáticas adversas e restrições no acesso ao crédito.
Nesse contexto, a empresa sofreu em termos de liquidez.
“Entre os principais credores da empresa, está a Vert Companhia Securitizadora, que estruturou Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) da AgroGalaxy (AGXY3), no valor de R$ 516,4 milhões. Com a crise de liquidez, houve o vencimento antecipado desses CRAs, intensificando a pressão financeira sobre a empresa”, explica.
Outros credores incluem:
- Banco do Brasil (R$ 391,2 milhões)
- Santander (R$ 278,4 milhões)
- Citibank (R$ 106,8 milhões)
- FMC (R$ 163,6 milhões)
- Opea Securitizadora (R$ 148,8 milhões)
- Albaugh Agro Brasil (R$ 139,4 milhões)
O passivo total da companhia é de R$ 3,7 bilhões, além de US$ 160 milhões em dívidas com credores diversos.
Proteção judicial da Agrogalaxy
Ainda na semana anterior, no dia 19, a empresa obteve uma liminar da 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia que suspendeu execuções de dívidas e rescisões contratuais, além de bloquear cláusulas de vencimento antecipado.
Com isso, a empresa consegue um ‘fôlego extra’ e passa a ter 45 dias para elaborar um plano de recuperação e iniciar negociações com seus credores.
Entre as medidas determinadas, está a proibição de que bancos detenham cerca de R$ 205 milhões em recebíveis da Agrogalaxy. Segundo os especialistas da Multiplike, esses valores deverão ser transferidos para contas de livre movimentação da empresa, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.