O agro é “a salvação” dos investimentos da bolsa brasileira, diz análise da Genial Investimento. Um relatório recente da equipe de análise da corretora deu o pontapé inicial da cobertura de três empresas do setor, recomendando compra e prevendo upside de até 45% nos papéis ainda em 2022.
No documento, os analistas destacam que “o setor mais importante para o Brasil” é o agro.
As companhias em questão são a SLC Agrícola (SLCE3), a Brasil Agro (AGRO3) e Boa Safra Sementes (SOJA3), um trio em que somente a última é novata, ao passo que as duas demais estão há mais de 15 anos em negociações públicas de ações.
Confira as recomendações da Genial para o Agro:
- SLCE3: Preço-alvo de R$ 60 (upside de 46%)
- AGRO3: Preço-alvo de R$ 32 (upside de 16%)
- SOJA3: Preço-alvo de R$ 2o (upside de 34%)
No relatório, os analistas dão destaque para o fato que o agro é um dos setores que mais movem o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
“O agronegócio é um dos principais propulsores da economia brasileira. Em 2020, o agro compôs 26,6% do PIB total do Brasil, totalizando quase R$ 2 trilhões. Para 2021, a expectativa é de que a participação no PIB aumente para cerca de 30% (dados ainda não foram totalmente divulgados)“, afirma o parecer.
Além disso, os analistas destacam que, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o país produz alimentos suficientes para sustentar mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo, consolidando o Brasil como um dos grandes fornecedores globais.
Apesar deste protagonismo no comércio mundial, o país não tem muitas companhias do segmento listadas em bolsa.
Segundo a Genial, isso se dá porque a maioria das empresas são pequenas, médias e familiares, e o setor ainda é pouco consolidado.
As vantagens competitivas existentes no agro trazem oportunidades no suprimento de alimentos e na utilização de novas fontes de energias renováveis, o que também deve movimentar o setor no ‘macro’.
O que pode tornar o investimento arriscado
Apesar da recomendação da corretora, que destaca a eficiência operacional do setor, diversificação geográfica e de portfólio, escala e expansão, há alguns riscos associados.
“Os preços de commodities podem ser afetados por inúmeras razões (clima, mudanças de capacidade, estoques, dinâmica de oferta e demanda). Empresas do setor não têm controle sobre a volatilidade dos preços de commodities”, cita a casa.
Além disso, o risco geopolítico com desentendimentos que afetam exportação é citado como um problema.
Simultaneamente, os desastres naturais e a sazonalidade das produções podem afetar a geração de receita das empresas.
O que esperar de SOJA3
Falando sobre a Boa Safra Sementes, a Genial mira um Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) de 12,9% e um crescimento de longo prazo de 4,0%. Com essas estimativas, a ação da empresa deve ser negociada em 4,8x EV/EBITDA para o fim de 2022.
“Enxergamos na Boa Safra uma combinação de crescimento e rentabilidade, algo que é normalmente difícil de atingir e portanto é extremamente positivo para a companhia (volume vendido com CAGR de 25,6% entre 2014-2020, e um ROE de 64,5% em 2020)”, dizem os analistas.
A Genial também destaca que, com o recente IPO, em abril de 2021, a companhia mantém o objetivo de investir em plantas e atender todo o Brasil, se consolidando numa indústria que ela já é líder (com 5,7% de market share) e ainda é bastante pulverizada.
“Acreditamos que o plano é plausível dado seu modelo de negócio que é comprovado e asset-light”.
SLCE3 pode ter upside de 45%
A companhia, para a corretora, é a “Escolha Genial”, ostentando um valuation atrativo, câmbio favorável (real desvalorizado, pois as commodities são exportadas e precificadas em dólar), situação financeira saudável (1,4x Dívida Líquida/EBITDA) e migração para um modelo de negócio cada vez mais asset-light, o que facilita expansão.
“As perspectivas para o agronegócio brasileiro são muito favoráveis em 2022, sendo uma das principais economias do mundo no setor e surfando os preços das commodities, o que acreditamos que devem continuar favoráveis durante o ano. Enxergamos o investimento na SLC Agrícola como uma excelente opção para estar exposto a esse cenário”, consta no relatório.
Brasil Agro é destaque como ‘player imobiliário’
Para a Genial, as ações da Brasil Agro têm o diferencial de ter um enfoque diferente do setor, com foco no mercado imobiliário agrícola.
“A companhia não se considera um player de commodities e sim de terras, que é um ativo real e tangível, e é aonde eles enxergam valor. Seguindo a tese positiva para o setor como um todo, as propriedades da empresa devem seguir valorizando, dado que elas são negociadas com base nos preços das commodities e ajustadas pelo potencial de produtividade”, dizem os analistas.
Pelo fato de a empresa do agro estar focada na aquisição, desenvolvimento, exploração e comercialização de propriedades rurais, o potencial de rentabilidade é de 17%, o menor entre as três analistas, apesar de ser vista com bons olhos pelos especialistas da corretora.