CPFL (CPFE3) revela seu maior desafio em ESG; veja a entrevista
A CPFL (CPFE3) é uma das cinco empresas que lideraram o ranking ESG da B3 anunciado no começo deste ano, mas nem tudo são flores na jornada ESG de uma companhia.
Do inglês ambiental, social e governança, o ESG ganhou mais espaço entre as grandes empresas nos últimos anos na medida em que a sociedade passou a cobrar mais seus stakeholders pela resolução de problemas na sociedade civil.
Em entrevista para a Suno Notícias, Natalia Tadokoro, gerente de sustentabilidade da companhia, afirma que a maior dificuldade atual da CPFL para aprimorar seus processos no quesito ESG é garantir que toda a cadeia de valor da empresa, que envolve muitas outras organizações, caminhe junta neste sentido.
Como toda grande empresa, a CPFL muitas vezes não depende somente de sua operação interna para executar sua função no mercado.
“Na CPFL, para fazer tudo acontecer, temos nossos parceiros de negócio. É uma cadeia de valor grande, só os fornecedores estratégicos são cerca de 200. Olhando para todos deve ultrapassar 4000”, ressalta.
Para se assegurar que toda a cadeia de produção da companhia está caminhando em uma jornada sustentável, a empresa adota avaliações técnicas, jurídicas e de aspectos sustentáveis para seus fornecedores.
A CPFL atualmente trabalha com uma avaliação de aspectos técnicos, jurídicos e de sustentabilidade para integrar fornecedores em sua cadeia de valor.
A partir dessa avaliação, são identificados os principais gaps entre princípios sustentáveis básicos da CPFL e a atividade do fornecedor, o que abre espaço para um trabalho conjunto de desenvolvimento.
Mas, no final do dia, são muitas as realidades, setores e tipos de serviços diferentes sendo integrados, o que nos lembra da necessidade do principal fator na jornada ESG de uma empresa: o tempo.
Com tempo, (quase) tudo se ajeita
É fato que o passado recente foi marcado por uma ‘febre’ de temas atrelados a sustentabilidade, mas, muitas vezes, um efetivo impacto só pode ser atingido com anos de planejamento no longo prazo.
Na CPFL, o tema da sustentabilidade tem espaço há décadas: Tadokoro conta que são mais de 20 anos de trabalho sobre sustentabilidade dentro da companhia.
Veja parte da trajetória:
- Em 2019, lançou plano de sustentabilidade plurianual, de 5 anos, que seguem o ritmo do planejamento estratégico dos negócios, e assumiu 15 compromisso públicos na agenda de sustentabilidade.
- Em 2017, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas foram incorporados na estratégia da companhia.
- No ano seguinte, a gerente conta que a empresa criou uma plataforma de sustentabilidade para fazer com que ações não sejam descontinuadas e possam ser expandidas para toda a sua cadeia de valor.
- Em 2005, a CPFL integrou a primeira carteira do Índice de Sustentabilidade da B3 e, em 2013 e entrou na carteira Dow Jones de ESG.
- Já em 2004, a empresa se associou à ao Pacto Global das Nações Unidas, uma das principais iniciativas de sustentabilidade no mundo corporativo, que oferece diretrizes para a promoção do crescimento sustentável.
ESG está nas metas corporativas da CPFL
A gerente ressalta que o ESG não fica só no discurso na empresa: está embasado e é medido através de indicadores concretos nos projetos da empresa.
“Existe uma meta corporativa para toda a liderança da empresa, como performance em índice de sustentabilidade, tem meta com relação a nosso plano de sustentabilidade e metas para cara um dos aspectos ESG: uma meta voltada para descarbonização, uma meta voltada para diversidade e uma meta voltada para governança”
As submetas não são públicas, mas a empresa divulga Plano de Sustentabilidade, documento que lista os pilares que sustentam a condução dos negócios: energias sustentáveis, soluções inteligentes e criação de valor compartilhado.
“Aqui na CPFL, além de questões socioambientais, também consideramos indicadores e operacionais, tudo isso faz parte da sustentabilidade”, diz Tadokoro.
Confira os 15 compromissos públicos assumidos pela CPFL
Na agenda ESG, o caro sai barato
É fato que remodelar a atuação de uma empresa para se adequar a metas específicas relacionadas à sustentabilidade pode trazer impactos no dia-a-dia e, consequentemente, no resultado do trabalho
Mas a gerente afirma que, no final do dia, quando se assumem compromissos robustos que visam uma relação mais harmoniosa com o ambiente no qual a empresa está inserida, tudo flui melhor.
“Certamente impactou, mas na agenda ESG é um ganha-ganha, e é verdade. Isso traz benefício para as outras companhias em nossa cadeia de valor e quando evoluímos no social, existe o ganha-ganha com a sociedade”
Tadokoro ressalta ainda que, mesmo que se a empresa quisesse, não poderia fugir do ESG, graças a uma crescente atenção e “cobrança do bem” por parte de investidores cada vez mais exigentes.
O que a algumas décadas poderia ser encaminhado em todas as empresas por meio ações pontuais, como reuniões e apresentações, hoje em dia, não cola.
“O próprio investidor da CPFL tem demandado cada vez mais. Se havia alguma dúvida se a sustentabilidade traz retorno para o negócio, hoje em dia não existe mais”, diz.