O governo emitiu, na última sexta-feira (28), um alerta de emergência hídrica para cinco estados brasileiros. Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná estão em situação preocupante, com baixo nível nos reservatórios. A falta de chuvas tende a impactar, de forma mais relevante, AES Brasil (AESB3) e Cesp (CESP6), de acordo com a XP.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível dos reservatórios do Brasil está em 44% da média histórica, situação ainda pior do que em maio de 2020, quando estava em 60% e já estava em alerta. Com isso, o segmento do setor elétrico mais afetado pelo cenário é o de geração. Empresas como AES Brasil, Cesp e até a Engie (EGIE3) possuem grande participação hídrica no portfólio, o que agrava a adversidade.
As duas primeiras tiveram redução na produção de energia elétrica no primeiro trimestre, em 21% e 22%, respectivamente. “Isso ilustra que o impacto do déficit hídrico já é uma realidade para algumas geradoras, principalmente as localizadas em regiões mais afetadas”, diz a XP, que cita São Paulo como a região em situação mais preocupante.
A tendência é de piora no nível dos reservatórios nos próximos meses, comenta a corretora, pois o fim de abril marca o fim do período úmido no Sudeste e Centro-Oeste. “Sazonalmente, já se espera que o armazenamento de águas se reduza entre maio e outubro, enquanto que a recuperação do nível é esperada para iniciar em outubro, com o início do período chuvoso.”
Nesta segunda-feira (31), o mercado demonstra a incerteza do cenário e fica com um pé atrás com os papéis. As ações da AES Brasil e da Cesp caíam cerca de 1% por volta das 12h10, enquanto o Ibovespa subia 0,20%.
AES Brasil e Cesp ainda mantêm risco-retorno atrativo
Todo o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de AES Brasil e Cesp vem da operação com geração. A Engie, por sua vez, tem este segmento ligado a 93,5% de seu resultado operacional, mas está focada na região Sul, que apresenta um cenário mais confortável.
Mesmo com as condições desafiadoras, a XP não mudou a recomendação de nenhuma empresa. O preço-alvo para as ações da AES Brasil continua sendo de R$ 18, e para a Cesp de R$ 36, com a indicação de compra para ambas as companhias. A corretora explica:
- Baixa visibilidade do risco se prolongar no logo prazo;
- Risco-retorno atrativo nos preços atuais.
“Em nossa visão, o principal risco de fundamento para as empresas do setor está concentrado na probabilidade de manutenção do cenário atual nos próximos anos, estendendo o déficit hídrico no longo prazo”, diz a corretora, embora entenda que esse cenário, hoje, não é factível.
No ano, as ações da AES Brasil e Cesp recuam cerca de 17%.