Acordo UE-Mercosul coloca em risco US$ 4 bi em exportações agrícolas dos EUA
O Serviço Agrícola Estrangeiro do Departamento de Agricultura dos EUA (FAS/USDA) divulgou nesta quinta-feira (7) projeções de que os Estados Unidos têm US$ 4 bilhões em exportações agropecuárias que podem ser afetadas em alguma medida pelo acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.
De acordo com os dados do órgão americano, um dos principais produtos dos EUA que podem ser afetados é o etanol, que possui 28% de participação nas importações da União Europeia (UE).
O Mercosul, com o acordo, terá uma cota isenta de tarifa para 570 milhões de litros de etanol para uso industrial e 253 milhões de litros de etanol para outros usos, incluindo combustível.
Em relação às exportações americanas de carne, o órgão prevê que o setor não será muito prejudicado, sob o argumento de que os EUA também fizeram recentemente um acordo bilateral com a UE, elevando a cota de importação de carne americana no bloco europeu.
Pelo acordo bilateral, a cota para a carne americana começou em 2020, com 18,5 mil toneladas, e crescerá progressivamente até 35 mil toneladas em 2026.
Ao passo que as cotas da UE para os EUA e para o Mercosul têm diferenças por produtos, o que reduz os impactos aos americanos, segundo o FAS.
Enquanto na abertura de mercado que o Mercosul promoverá aos produtos agrícolas da União Europeia, o efeito para as exportações americanas deve ser mais pulverizado entre diferentes itens com valor agregado, como por exemplo:
- produtos intermediários,
- preparados alimentícios,
- produtos lácteos,
- ração e vegetais processados.
Brasil e EUA assinam acordo para facilitar comércio e desburocratizar regulação
O Brasil e EUA fecharam no dia 19 de outubro um acordo comercial com medidas que visam facilitar o comércio entre os países, desburocratizar a regulação e reduzir a corrupção.
O conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, Robert O’Brien, declarou, após encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, “Temos um anúncio padrão ouro, muito moderno no comércio. É um sinal muito positivo para um acordo mais amplo entre EUA e Brasil e que, em última instância, pode levar a acordo de livre comércio entre os dois países. Queremos fazer isso passo a passo ter certeza de que o acordo é ótimo para o Brasil e ótimo para os Estados Unidos”.
O Acordo de Comércio e Cooperação Econômica vinha sendo negociado pelos dois países desde 2011, entretanto estava em inativo até a eleição do presidente Jair Bolsonaro. O alinhamento do presidente brasileiro com o norte-americano, Donald Trump, reaqueceu o processo, que foi acelerado nos últimos meses à medida que Trump caía nas pesquisas de intenção de voto para reeleição.
Após um encontro nos EUA que ocorreu em março do ano passado, os dois presidentes anunciaram a retomada das negociações. As conversas técnicas começaram apenas em agosto do ano passado e a cooperação e rapidez do trabalho dos brasileiros para chegar a um entendimento impressionou os negociadores norte-americanos.