As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) lideraram o ranking das maiores altas do Ibovespa nesta segunda-feira (2), com ganhos de 4,87%, cotadas a R$ 21,32. No dia, o índice caiu 1,15%.
A elevação do Pão de Açúcar se deve à notícia de que Abílio Diniz, terceiro maior acionista do Carrefour (CRFB3), estaria “namorando” a empresa. Cogita voltar à empresa que fundou com o pai e da qual era sócio até nove anos. De acordo com o colunista Lauro Jardim, do O Globo, a negociação ocorre há dois meses e está em estágio inicial.
Mas a reaproximação entre Diniz e o Pão de Açúcar não é novidade no mercado: o empresário já estava de olho em comprar uma participação da companhia de supermercados em junho de 2021. Os rumores sobre a saída do Casino fizeram o papel disparar mais de 7% no pregão da época.
O supermercado Pão de Açúcar é fruto de uma parceria entre ele e o pai, Valentim Diniz. O grupo se expandiu, virou uma das maiores varejistas do país e permaneceu na família Diniz até 2013, quando Abílio deixou o negócio, após divergências com o Casino, que virou um dos maiores acionistas da empresa.
A analista de Research da Ativa Investimentos, Lívia Rodrigues, afirma que a notícia da negociação entre o fundador do GPA e a Casino, maior acionista da empresa, é positiva.
Lívia afirma que, na soma das partes do Pão de Açúcar, o valor está descontado. Ao incluir o Exito, que possui capital aberto na Colômbia e a participação de 34% da Cnova, também de capital aberto na França, a operação do Brasil fica mais descontada ainda.
“Só o Exito e a participação da Cnova têm um valor de mercado de cerca de US$ 11,8 bilhões, enquanto o GPA vem sendo negociado a cerca de US$ 6,5 bilhões. Então se vê que já existe um desconto em cima do Exito e da Cnova, e o GPA Brasil ainda sai ‘de graça’”, diz.
Lívia explica que esse desconto da governança se deve hoje ao controle do Casino – o mercado financeiro teme que haja algum movimento prejudicial ao acionista minoritário.
“A gente não acredita que o Abílio volte, pelo menos no curto prazo, mas, com uma redução da participação do Casino, existiria uma possibilidade de diminuição ao risco que o acionista minoritário estaria exposto”, conclui Lívia.
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Pão de Açúcar (PCAR3): receita bruta sobe 11,2% no 1T22; e-commerce salta 44%
O Pão de Açúcar (PCAR3) divulgou em 19 de abril que o faturamento bruto total consolidado das operações continuadas foi de R$ 11,1 bilhões em prévia do primeiro trimestre de 2022 (1T22). A cifra da receita bruta total representa uma alta de 11,2% no segmento mesmas lojas (SSS) em comparação ao mesmo período do ano passado. Excluindo as operações de postos, o crescimento foi de 13,1%
A receita bruta de vendas do Pão de Açúcar, no perímetro continuado, excluindo postos, totalizou R$ 3,8 bilhões nos três primeiros meses do ano, em linha com o valor reportado um ano antes. “Impactado por um efeito pontual na ruptura, explicado pelo momento de ajuste na malha logística após os fechamentos dos hipermercados”, segundo a empresa.
Mesmo com cenário desafiador, a penetração de vendas online total foi de 9,9% e a venda do e-commerce totalizou R$ 369 milhões, avanço anual de 44%, excluindo as vendas dos hipermercados que foram descontinuados.
“Nesse primeiro trimestre tivemos o impacto negativo nas vendas dos postos, dado que a maioria deles fica em áreas de lojas fechadas para conversão para atacarejo”, aponta a empresa, em relatório, citando a transformação e as mudanças operacionais necessárias para o “Novo GPA”, com alto impacto da conversão dos hipermercados Extra em Assaí (ASAI3).
O Grupo Éxito (que considera lojas de Colômbia, Argentina e Uruguai), por sua vez, registrou vendas totais de R$ 6,8 bilhões, com alta anual de 20,8% em SSS.
A empresa atribui o resultado principalmente ao aumento do tráfego em lojas e pela reabertura econômica com a retomada do turismo. As vendas omnichannel do Pão de Açúcar representaram 9,4% das totais reportadas no período em questão.
Entre janeiro e março, o Pão de Açúcar finalizou o processo de fechamento dos Extras hipermercados e drogarias, finalizando a operação de 41 hipermercados, ficando com 31 lojas em conversão ou análise e fechando 68 drogarias.