Nesta quarta-feira (4) o Banco Central (BC) reajustou a Selic para 12,75%, conforme esperado pelo consenso de mercado. Ainda que a taxa básica de juros esteja em um patamar elevado, alguns ativos da bolsa ainda mantêm um fluxo de dividendos alto e com uma remuneração polpuda aos acionistas.
Levantamos cinco pagadoras de dividendos da bolsa que possuem um dividend yield acima dos 12,75% da Selic, considerando os proventos distribuídos pelas companhias nos últimos meses. Os dados são da plataforma do Status Invest.
O yield, vale lembrar, é o indicador que mostra quanto um ativo pagou em proventos nos últimos 12 meses em relação às suas cotações atuais. Ou seja, a proporção da remuneração por ação ante o preço que é pago por ela.
Além disso, especialistas reforçam que pagadoras de dividendos e companhias mais sólidas tendem a ser mais ‘recomendáveis’ em contexto de alta da Selic, considerando que companhias que tomam dinheiro emprestado para crescer são mais penalizadas.
“Esses setores [varejo, techs e afins] não têm como andar ainda, não é hora de comprar. Os bancos estão muito baratos e as estatais têm menor risco de intervenção. Petrobras (PETR4) por exemplo está 2,5x lucro, a Eletrobras (ELET3) ainda pode ser leiloada. O Brasil está 0,7x o book. Commodities, apesar da queda, também ‘voltam’ antes de a Selic cair”, afirma Igor Barenboim, economista e sócio da Reach Capital.
Cinco empresas que pagam dividendos acima da Selic:
Bradespar supera DY de 30%
Empresa com maior yield da bolsa atualmente, o braço de investimentos do Bradesco soma 34,41% no indicador nos últimos doze meses, pagando R$ 9 na média.
Além disso, segundo levantamento da Economatica, o yield deve aumentar neste ano, podendo chegar a 44,5% no caso das ações ordinárias.
Vale frisar que a Bradespar praticamente replica o desempenho da Vale por ter boa parte do seu portfólio aplicado na mineradora.
Petrobras é ‘rainha dos dividendos’
Com yield de 25,9%, a petrolífera foi a ‘galinha de ovos de ouro’ da bolsa em 2021, pagando dividendos volumosos em meio a uma melhora significativa da saúde financeira da companhia.
No seu próximo pagamento, a estatal distribuirá proventos em 16 de maio, no valor de R$ 2,861 para as ações PETR3 e PETR4.
O montante, contudo, será atualizado pela variação da taxa Selic, de 31 de dezembro de 2021 até a data do pagamento. A estimativa é de que o rendimento por ação seja de R$ 0,081.
Braskem tem dividend yield acima de 20%
A companhia soma um yield de 22,2% nos últimos meses, e fará a partir de 2 de maio o pagamento de R$ 1,35 bilhão em dividendos complementares.
Os proventos tinham sido anunciados no documento que acompanhava o balanço do quatro trimestre de 2021, divulgado em março último.
Os dividendos da Braskem foram divididos em R$ 766.187.593,13, que equivalem a R$ 1,696348838321 por ação ordinária, e R$ 583.812.406,87, correspondentes a R$ 1,696348838321 por ação preferencial classe “A”.
A companhia foi bem quista pelos acionistas em 2021, tendo o melhor retorno da bolsa no ano em termos de rentabilidade.
Braço da Gerdau ostenta dividendos sólidos
Com yield de 20,7%, a Gerdau Metalúrgica deve seguir, segundo a Economatica, no mesmo patamar em 2022, pagando uma média de 20,39% ao longo do ano e se mantendo como um player relevante no seu segmento.
O último anúncio de proventos foi no fim de fevereiro, com distribuição de R$ 0,100 por cada ação, representando um yield consideravelmente menor do que o dos pagamentos de meses anteriores.
Vale é ‘favorita de maio’
A mineradora, que já foi a maior companhia da América Latina, é praticamente unânime em carteiras mensais, vendo um bom cenário de curto prazo para os papéis. Isso ocorre pela queda de 22% desde o dia 7 de março, sofrendo pressão pela cotação do minério de ferro em Dalian.
A companhia é recomendada em 8 carteiras de investimentos e ostenta um dividend yield de 17%, mas já chegou a distribuir mais de R$ 8 por ação ordinária em 2021.
A ação integra as carteiras de dividendos de instituições como Santander, Guide, Genial, Ativa, BTG, Ágora e a corretora Elite.
No parecer do BTG, especificamente, os analistas destacam que a companhia tem uma forte disciplina na alocação de capital, priorizando na sua gestão um bom retorno de caixa aos acionistas.
“A última recompra de 500 milhões de ações demonstra isso”, aponta em relatório. O montante representaria cerca de 10% do total de ações em circulação.
Outras boas pagadoras de dividendos
Além das cinco citadas acima, outras pagadoras de dividendos seguem com yield acima da Selic: Copel (CPLE6) e a Unipar (UNIP6), com 17%, ou a Usiminas (USIM5) e a CPFL Energia (CPFE3), com 16%.