O setor de varejistas do Ibovespa lidera nesta terça (29) o ranking das maiores altas do índice, com Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) subindo 8,42%, 8,19% e 8,63%, respectivamente, no fechamento de hoje.
A disparada nas ações da Magazine Luiza e outras empresas do segmento varejista acompanha as taxas de juros negociadas no mercado futuro. Elas operam em queda firme. A expectativa inicial do mercado era de um dia de oscilações mais contidas, após a sequência de recuos dos últimos dias.
Mas a virada do petróleo, encerrando o dia em queda de 1,63%, a US$ 107,71 o barril, acabou por favorecer um movimento mais firme de baixa nas taxas de juros – o que contribuiu para a alta dos papéis da varejistas. O dólar também recuou, em linha com a tendência internacional de maior apetite por risco nesta terça, levando as bolsas a subirem na Europa e nos Estados Unidos.
A queda nas taxas reflete a sinalização do Banco Central de que a Selic não deve passar de 12,72% no fim do ano. A baixa dos juros estimula ainda a retomada do consumo, o que beneficia também os papéis das varejistas. O mercado repercute ainda positivamente a entrada de capital estrangeiro na bolsa.
“O principal ponto é a melhora do humor no mundo, diante da expectativa de avanço nas negociações entre Rússia e Ucrânia”, afirma o estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua
Além do fôlego vindo do exterior, há um ponto doméstico ressaltado pela Livia Rodrigues, analista de Research da Ativa Investimentos: a divulgação muito acima da expectativa do mercado nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Ministério do Trabalho divulgou nesta terça que desemprego caiu e o mercado de trabalho formal brasileiro acelerou no mês de fevereiro e registrou um saldo positivo de 328.507 carteiras assinadas em fevereiro
“O mercado estava esperando cerca de 220 mil novos postos de trabalho e vieram quase 330 mil”, afirma Livia. De acordo com a analista, isso impacta as empresas de varejo, que “estavam sendo muito pressionadas pela expectativa negativa do mercado em relação à criação de empregos”.
“A expectativa era de uma taxa de desemprego cada vez mais alta, uma economia mais estagnada. Então o aumento da população ocupada também eleva a propensão a consumo do país de forma geral – por isso acaba tendo um clima mais otimista sobre os papéis das varejistas nesse momento”, explicou.
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Magazine Luiza (MGLU3): BB-BI rebaixa recomendação e piora preço-alvo
O BB Investimentos revisou o valuation do Magazine Luiza (MGLU3) para incorporar os resultados do segundo semestre de 2021 e alterar as premissas de crescimento da varejista diante de um cenário de maior inflação e taxa de juros piores do que o estimado anteriormente.
Em relatório divulgado no dia 17 de março, o banco de investimentos rebaixou sua recomendação de compra para neutra para as ações do Magazine Luiza e rebaixou o preço-alvo de R$ 22,90 para R$ 7,50 ao fim de 2022 – o que representa um upside de 46,2% em relação ao último fechamento do dia anterior, 16 de março, de R$ 5,13.
Neste ano, a queda do Magalu já chega a 28,95%, enquanto nos últimos 12 meses a desvalorização foi de 78,37%.
Segundo analistas do BB Investimentos, os principais riscos para a tese de investimentos no Magazine Luiza neste momento são:
- resultado dos investimentos em aquisição de cliente e no desenvolvimento da omnicanalidade inferior ao esperado;
- incapacidade de atrair e reter os melhores sellers na sua plataforma de marketplace;
- incapacidade de escalar e rentabilizar a solução financeira oferecida aos seus clientes (MagaluPay); e
- incremento das provisões com devedores duvidosos acima do esperado.
Ao justificar o rebaixamento da recomendação e diminuição do preço-alvo, o BB-BI destaca a divulgação dos resultados do 4T21 mais fracos do que as estimativas, o que deixou claro que o cenário macroeconômico está mais difícil no curto prazo para o Magalu, visto o impacto negativo bastante forte nas vendas e na rentabilidade.
“Como entendemos que esse desafios deverão perdurar ao menos ao longo do primeiro semestre de 2022, com pressão inflacionária e elevação da taxa de juros, trazendo resultados ainda fracos durante esse período, não observamos gatilhos para a valorização do papel, motivo pelo qual rebaixamos nossa recomendação para neutra”, explica Georgia Jorge, analista do BB-BI que assina o relatório.
De acordo com o consenso Refinitiv, o Magalu tem 14 recomendações por casas de análise, das quais dez são de compra e 4 são neutras.
Em relação ao preço-alvo para as ações do Magazine Luiza, a mediana aponta para um valor de R$ 13,00, que equivale a um upside de 153% até o fim de 2022.
Com informações do Estadão Conteúdo