Renner (LREN3) vira e fecha em alta de 5,46% após balanço; analistas revisam preço-alvo
Na esteira das varejistas que apresentaram dificuldades nos resultados do 4T21, a Lojas Renner (LREN3) divulgou seu balanço. Embora o lucro e a receita tenham apresentado alta na comparação anual, o que chamou a atenção do mercado foram as margens mais comprimidas.
Nesta sexta-feira (18) pós-balanço, as ações da Renner apresentam queda na bolsa de valores. Às 10h19 (horário de Brasília), as ações LREN3 tinham baixa de 6,11%, a R$ 21,50, após abrirem em queda de mais de 7%. Por volta das 11h10, os papéis diminuíram as perdas para 2,5%, avaliados em R$ 22,33. Os papéis se recuperaram à tarde e fecharam com alta de 5,8%, avaliados a R$ 24,15.
A Renner registrou um lucro líquido de R$ 415,8 milhões no quarto trimestre de 2021, alta de 17,5% frente o 4T20. Já as receitas com vendas somaram R$ 3,87 bilhões, montante 25,9% superior na comparação anual. O lucro operacional medido pelo Ebitda foi de R$ 776,1 milhões no período, alta de 25,8% em um ano.
Ainda assim, as margens mais baixas segundo os analistas ofuscaram os ganhos da varejista de moda. Com isso, algumas casas de análise rebaixaram o preço-alvo para a empresa ou colocaram sua recomendação sob revisão.
Atualmente, o consenso Refinitv registra 13 recomendações para as ações das Lojas Renner, sendo 11 delas de compra, uma neutra e outra de venda. A mediana de preço alvo das avaliações é de R$ 40,00, equivalente a um upside de 75% frente ao fechamento de ontem (R$ 22,90).
Margens pressionadas por provisões de bônus e inadimplência no radar, alerta a XP
Para a XP Investimentos, a Lojas Renner reportou resultados abaixo do esperado, com as margens pressionadas pela alta de custos e investimentos na construção de seu ecossistema digital.
Além disso, a corretora destacou que o aumento das provisões com bônus feitas no trimestre também foi prejudicial, pois resultou em um Ebitda 10% abaixo das expectativas.
No campo positivo, as vendas líquidas subiram 26% ano a ano, com a ajuda do maior ticket médio que compensou a queda no fluxo de lojas, levando a um crescimento de vendas mesmas lojas (SSS) de 19% ano a ano, enquanto o GMV digital atingiu R$ 514 mi (+38% a/a).
“Vale mencionar que a Renner continua a ver uma recuperação de vendas em 2022, com aceleração de crescimento em comparação com 2019 (referência de ano sem a pandemia de Covid-19)”, ressalta o relatório da XP.
A XP reiterou sua recomendação de compra para as ações da Renner, com preço-alvo de R$ 42,00 por ação ao fim de 2022, um potencial de valorização de 83,4%.
Desempenho ofuscado por margens fracas, avalia o BBI sobre a Renner
Para o Bradesco BBI, a Renner teve um bom desempenho em termos de receitas no 4T21, mas os valores foram ofuscados pelas margens que vieram mais fracas.
A análise do banco é de que a pressão nas margens era esperada, em vista do cenário desafiador, mas a contração em relação a 2019 (período sem pandemia) foi maior do que o previsto, mesmo após uma revisão baixista em janeiro. A maior preocupação foi com a margem bruta, que recuou 3% em relação a 2019.
A varejista de moda já havia sinalizado uma base de comparação difícil com 2019, mas o valor registrado foi o menor para a margem bruta do quarto trimestre em vários anos. Para o BBI, isso significa que a inflação de custos (matérias-primas, frete e câmbio) está cobrando seu preço (remarcação está em níveis historicamente baixos).
Com isso, os analistas do banco de investimentos reduziram a estimativa de margem bruta da Renner em 2022. Anteriormente, era esperado recuperação para este ano, mas agora eles assumiram que haverá estabilidade.
Para o BBI, a recomendação para as ações da Renner ainda é outperform (acima da média), mas com um preço-alvo menor: saindo de R$ 40 para R$ 37 – o que ainda equivale a 61,5% de upside.
Resultado em linha com o esperado, GS reitera compra
Para o Goldman Sachs, a Lojas Renner “reportou resultados do 4T21 que seguiram amplamente o roteiro que acreditamos que os investidores esperavam”. O banco destaca que as vendas tiveram um forte desempenho (SSS +19%), chegando 6% acima do consenso e superando o mercado.
Em termos de margem, os números vieram menores do que o esperado, mas foram justificados para o GS. “A margem Ebitda ficou aquém da nossa projeção, mas em drivers que acreditamos ser, na maioria das vezes, bem compreendidos”:
- inflação de custos de entrada,
- câmbio dificultando fechar a lacuna em comparação com 2019, e
- investimentos mais altos por trás da transformação digital.
No mais, o Goldman Sachs ressaltou que a administração da Renner apontou no balanço do 4T21 um resultado positivo neste começo de 2022, com impulso das vendas supostamente acelerado em relação a 2019.
O GS reiterou recomendação de compra para as ações LREN3, com preço-alvo de R$ 37,00 em 12 meses.
Recomendação para Renner sob análise
O Itaú BBA colocou sua recomendação para as ações das Lojas Renner sob análise, devido à menor rentabilidade apresentada no 4T21. Para o banco, os resultados da Renner no 4T21 ficaram em linha para receita e lucro, mas muito abaixo das expectativas para o Ebitda ajustado nas divisões de varejo e serviços financeiros.
A varejista apresentou maiores despesas gerais e administrativas com valores do Programa de Participação de Resultado (PPR) acima do usual, enquanto os serviços financeiros exigiram maior provisionamento aumentando os riscos de inadimplência nos próximos trimestres.
Com isso e as margens comprimidas com essas fatores, o BBA colocou as ações LREN3 das Lojas Renner em revisão.