Entenda o reajuste do Itaú (ITUB4) em estreia de BDR da XP na B3
As ações do Itaú (ITUB4) sofrem um reajuste de preço nesta segunda-feira (4) em função da cisão da sua participação societária na XP — que passa a ter seu BDR negociado no Brasil. O fenômeno pode provocar a falsa impressão de que os papéis do banco caem cerca de 18% em algumas ferramentas e cotações.
Isso significa que os cerca 500 mil acionistas do Itaú passarão a deter Brazilian Depositary Receipts (BDRs) da XP, ou seja, a Itaúsa (ITSA4), holding que detém cerca de 37% do banco, levará uma fatia de 15% da XP.
Quem tinha ações do Itaú, porém, passou a ter agora o BDR da XP em contrapartida. Às 11h40 do pregão de hoje, a BDR da XP (XPBR31) apresenta queda de 0,68% cotada a R$ 223,88, ao passo que as ações preferenciais do Itaú ficam cotadas a R$ 24,19, em queda de 1,10%.
A movimentação é fruto do imbrógilio societário que começou com uma briga de visões entre ambas as companhias, sendoa desbancarização defendida pela XP. Várias etapas ocorreram desde então, com as ações sendo inicialmente segregadas em uma companhia chamada XPart, que foi incorporada pela XP.
A corretora, então, emitiu as BDRs para os acionistas do Itaú que passaram a ser negociados hoje.
Com a cisão, decidida pelo Itaú no ano passado, cerca de 90 milhões de títulos da empresa passaram a ser negociados na Bolsa brasileira. Pelo valor das ações da XP de ontem, as BDRs representam mais de R$ 20 bilhões.
Na Nasdaq, onde a XP é listada, as ações da gigante brasileira caem 2% no intradia desta segunda, aos US$ 41,18. A companhia abriu seu capital no fim de 2019, antes de o divórcio com o Itaú começar.
“De acordo com os termos contratuais, a operação entre XP e Itaú se dará em três etapas de aquisição, o que resultará, em 2022, na participação do Itaú em 49,9% do capital votante da XP e 74,9% do seu capital social total. Após esse período, o acordo prevê a possibilidade do exercício de cláusulas de venda, pela XP, e de compra, pelo Itaú”, diz, em 2018, a nota do Cade sobre a compra.
Vale frisar que, considerando o preço da XP, a compra do capital pelo Itaú ocasionou uma rentabilidade de cerca de 900%.
Safra vê prêmio no divórcio entre XP e Itaú
Conforme reportado anteriormente pelo Suno Notícias, o Banco Safra vê como “positiva e esperada” a conclusão da tratativa sobre a incorporação da XPart pela XP Investimentos, e frisa que o evento deve desbloquear valor para os acionistas do banco.
Na ocasião, o time de análise do Safra reiterou a recomendação de compra das ações do Itaú com preço-alvo de R$ 38, ao passo que o preço-alvo após a cisão fica em R$ 33.
A assembleia geral que delibera sobre o tema deve ocorreu no dia 1º de outubro, última sexta, conforme informado em fato relevante.
“Embora esperada, a notícia é positiva, pois deve desbloquear valor para o Itaú. Vemos o Itaú sendo negociado atualmente a 10,6 vezes P/L (Preço/Lucro) e 1,9 vez P/VPA (Preço sobre Valor Patrimonial por Ação)”, diz o relatório.
“Após essa cisão, os múltiplos do Itaú devem cair para aproximadamente 8,6 vezes, o que está em linha com o Santander Brasil (P/L a 8,8 vezes) e com um prêmio sobre o Bradesco (P/L a 7,8 vezes) ”, dizem os analistas Luis Azevedo e Silvio Dória.