O futuro de ações de educação na Bolsa de Valores (B3) tem sido discutido com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, com o possível retorno de financiamentos estudantis.
O Itaú BBA detalhou melhor as perspectivas para empresas como a Ser Educacional (SEER3), a Cogna (COGN3) e a Yduqs (YDUQ3) no novo governo do petista.
No pregão de segunda-feira (31), as ações de educação subiram. A Ser, Cogna e Yduqs tiveram alta de respectivamente 4,93%, 3,46% e 5,42%. Além delas, a Ânima (ANIM3) subiu 11,02% e a Cruzeiro do Sul (CSED3) teve alta de 1,75%.
Segundo os analistas ainda é muito cedo para abordar financiamento estudantil, pois há certos detalhes sobre os planos do próximo governo de Lula que ainda não foram anunciados.
Há dois planos de financiamento que foram discutidos pelo Itaú BBA, o FIES e o ProUni (Programa Universidade para Todos).
O FIES mudou drasticamente desde a sua criação e, embora bem-sucedido, o programa acabou se mostrando economicamente insustentável em sua forma inicial, devido ao aumento dos custos e da inadimplência.
“Como consequência, a indústria viu uma queda significativa na base estudantil e a rentabilidade das empresas de educação foi prejudicada por vários anos”, explicou o Itaú BBA.
O ProUni, por outro lado, provavelmente continuará sendo importante. Daqui para frente, os analistas esperam que o formato sustentável do ProUni seja mantido e que o programa continue a subscrever uma proporção significativa da base de estudantes das empresas de educação.
Caso um programa renovado for instituído, o Itaú BBA acredita que as principais implicações para as ações de educação seriam:
- tickets mais sustentáveis;
- uma base de estudantes maior; e
- maior utilização da capacidade.
O programa seria positivo para toda a indústria, mas o Itaú BBA acredita que a Ser Educacional, Cogna e Yduqs seriam as mais beneficiadas, por causa de suas boas exposições a estudantes de menor renda.
Além disso, o Itaú BBA entende que o ProUni está mais bem posicionado pelo FIES, pois:
- as instituições de ensino vêm aumentando sua base de alunos e recebendo isenções fiscais;
- os alunos ganham porque atualmente mais bolsas são oferecidas pelo PROUNI do que pelo FIES.
- o governo ganha, ou pelo menos mitiga suas perdas, porque assume menos risco de crédito.
Além disso, há incertezas de renovação do FIES e um programa de financiamento estudantil renovado poderia ser bastante diferente em formato do início da década de 2010, explica o BBA.
“Por um lado, o Brasil enfrenta agora um cenário fiscal totalmente diferente, que pode limitar as despesas do governo com educação nos próximos anos”, salientam os analistas.
Supondo que governo buscará incrementar o financiamento estudantil nas regiões com menor penetração no ensino superior, poderiam haver maiores incentivos prestados ao Norte e Nordeste, uma vez que o total de vagas disponíveis como proporção da população jovem (indivíduos entre 20 e 29 anos) está em apenas 8,8% e 9,3%, respectivamente.
Por fim, o Itaú BBA afirma que não se deve descartar a possibilidade de um novo programa de financiamento estudantil com cursos digitais.
Nesse cenário online, o banco de investimentos observa que o impacto seria mais homogêneo entre as empresas listadas publicamente, pois esses players coletivamente têm centenas de centros de ensino a distância distribuídos pelo Brasil.
Ações de educação hoje (1º)
As ações de educação tiveran, no geral, desempenho positivo nesta terça-feira (1º). Os papéis da Ser, Cogna e Yduqs fecharam em alta de, respectivamente, 4,93%, 0,60% e 1,82%.