Ações do HSBC e do Standard Chartered operam em forte baixa em Londres e em Hong Kong nesta segunda-feira (21) após reportagens que relataram que os dois bancos movimentaram amplas somas de fundos ilícitos por um longo período, apesar de indícios de sua origem duvidosa.
As ações das instituições financeiras caíam para mínimas desde pelo menos 1998 nesta segunda. Na Bolsa de Londres, às 10h15 (horário de Brasília), a ação do HSBC caía 4,83% e a do Standard Chartered recuava 5,01%. Em Hong Kong, os papéis do HSBC e do Standard Chartered tinham quedas respectivas de 5,33% e 6,18%.
As alegações, feitas pelo site “BuzzFeed News”, no último domingo (20), em parceira com organizações noticiosas que incluem o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, pela sigla em inglês), se baseiam em documentos vazados sobre transações de mais de US$ 2 trilhões (cerca de R$ 10,9 trilhões) ocorridas principalmente entre 2000 e 2017.
Os documentos foram submetidos à Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN), órgão do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, e detalham operações supostamente ligadas a crimes financeiros, como lavagem de dinheiro.
“Assumimos nossa responsabilidade de combater crimes financeiros de forma extremamente séria e temos investido substancialmente em nossos programas de conformidade”, disse o Standard Chartered ao “The Wall Street Journal”. Procurado pelo veículo, o HSBC ainda não se pronunciou sobre a alegação.
Megainvestigação sobre os grandes bancos mundiais
Os documentos vazados incluem mais de 2.100 relatórios de pagamentos processados por grandes bancos, incluindo HSBC, Deutsche Bank, JPMorgan Chase e Barclays. Os FinCEN revelam como ocorreu a lavagem de dinheiro por meio de alguns dos maiores bancos do mundo e como os criminosos usaram empresas britânicas anônimas para esconder seu dinheiro.
Fergus Shiel, do consórcio, disse que os arquivos são uma “visão sobre o que os bancos sabem sobre os vastos fluxos de dinheiro sujo em todo o mundo … [O] sistema que deveria regular os fluxos de dinheiro contaminado está quebrado”.
O FinCEN declarou que o vazamento pode afetar a segurança nacional dos EUA, arriscar as investigações e ainda ameaçar a segurança daqueles que fazem os relatórios.
Na última semana, a rede de investigação anunciou propostas para revisar seus programas de combate à lavagem de dinheiro, ao passo que o Reino Unido também se manifestou, divulgando projetos para reformar seu registro de informações de empresas com a finalidade de reprimir fraudes ou qualquer ilegalidade.
De acordo com o BuzzFeed News, alguns registros dos FinCEN files foram coletados como parte das investigações do comitê do congresso dos EUA sobre a interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA de 2016, enquanto outros foram reunidos após solicitações de agências de aplicação da lei.
Atuação do HSBC:
O Banco HSBC permitiu que os fraudadores transferissem US$ 80 milhões pelo mundo, mesmo após ter conhecimento dos golpes, informam os arquivos secretos vazados. O maior banco do Reino Unido transferiu o dinheiro por meio de seus negócios nos EUA para contas do HSBC em Hong Kong durante 2013 e 2014.
Entretanto o HSBC afirma que sempre cumpriu suas obrigações legais ao relatar tal atividade.
Com informações do Estadão Conteúdo.