Ação fecha em alta no Ibovespa: o que esperar da Vale (VALE3)?

As ações da Vale (VALE3) vêm passando por grande volatilidade na Bolsa de Valores. Nesta terça-feira (14), porém, o ativo encerrou o pregão em alta de 0,45%, negociado a R$ 87,10, e freou uma queda maior do Ibovespa. Hoje, o principal índice da B3 encerrou em baixa de 0,91% aos 107.848,81 pontos. No último mês, os papéis da Vale tiveram uma desvalorização de 5,42%, mas, no acumulado dos últimos 12 meses, a valorização foi de 2,83%.

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Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, explicou que a mineradora tem uma tese em que foca no crescimento chinês. “Uma vez que a China volte a crescer, a Vale deve acelerar bastante a sua receita. O minério de ferro voltou a subir acima de US$ 125, mas é um processo cíclico. A gente não sabe o que vai acontecer”, disse em entrevista à Suno Notícias. 

Se a retomada da China de fato acontecer, Costa avaliou que a ação da Vale será um dos principais papéis a performar na Bolsa brasileira. “Lembrando que Vale também é Bradespar (BRAP4). Bradespar é a holding que controla uma parte da Vale do Rio Doce. Então, sim, é bem positivo o crescimento. O que vai fazer diferença no resultado da Vale no 4T22 vai ser o preço do dólar e o das commodities”, destacou.  

Em relação ao balanço do 4T22, Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, acredita que o resultado da mineradora não será expressivo. “Acho que a expectativa não é tão alta para esse próximo resultado agora, nesta quinta (16), muito porque o minério de ferro naquele momento estava bem mais baixo do que está agora, e a Vale começou a ter uma performance mais forte, porque o minério de ferro subiu muito, principalmente no final e começo de ano”, observou. 

Galindo disse também que anteriormente o mercado já começou a precificar o aumento da demanda por minério, mas que ainda não está sendo refletido. ”O consumo das siderúrgicas ainda não aumentou, ainda não estão funcionando 100% a todo vapor. Então, acho que é uma expectativa ainda do mercado de que isso vá acontecer, por isso já precificou nessa alta do minério que a gente teve recentemente”, ressaltou.

Recuperação ante o 3T22

Seguindo a mesma linha, João Lucas Tonello, CNPI, analista da Benndorf Research, avaliou que a expectativa é de uma recuperação, ante o 3T22, dada a melhora do preço do minério de ferro, mas, ainda assim, o resultado de Vale para o quarto trimestre do ano passado não deve vir bom. 

Tonello falou sobre a precificação do mercado em relação à reabertura chinesa, que tende a impulsionar o setor de mineração, e, com isso, o valuation bastante descontado de Vale se faz atrativo. 

“Outro fator crucial para a tese de investimentos é a expectativa de venda da participação na unidade de metais básicos, em que estão o níquel e o cobre. Os dois metais possuem tendência de crescimento de demanda estrutural, uma vez que o níquel é muito demandado pela indústria de carros elétricos e o cobre é muito utilizado em projetos de energia renovável”, afirmou.

“A Vale deve vender uma participação de até 10% da unidade de metais básicos no 1S23, o que pode destravar valor para a empresa e um re-rating no valuation, uma vez que a venda deve sair a um múltiplo maior do que o da própria Vale”, completou.

Ainda de acordo com a avaliação do head de análise fundamentalista, o cenário político brasileiro não deve impactar a performance de Vale, dado que a maior parte da receita vem da venda e exportação na China. Já a política no país chinês poderia sim impactar as ações da companhia, mas, de acordo com Galindo, a maior discussão sobre isso aconteceu no ano passado e em 2023 a parte política na China deve seguir mais tranquila. 

Para os investidores que estão na dúvida se vale a pena ou não entrar no papel e se será rentável manter a ação na carteira, Galindo recomenda: “Quem já investe em Vale acho que, se acredita no case, deve continuar carregando a posição. Quem não acredita deveria estudar mais o case, se convencer talvez do negócio, da lucratividade, do operacional, da perenidade da empresa. Precisa fazer o dever de casa. Quem não conhece e não tem interesse em conhecer que deve se manter de fora, observando, talvez, e tentando aprender um pouco mais sobre o negócio. Entender melhor a empresa para fazer qualquer investimento na companhia”, pontuou.

Lucro da Vale (VALE3) vai cair pela metade no 4T22? Veja as projeções de especialistas

Vale (VALE3) divulgou na última semana o seu relatório de produção referente ao quarto trimestre e à soma de 2022. Com resultados abaixo da meta da própria mineradora, e um possível freio no recente rali da commodity na China, o balanço financeiro — que será divulgado dia 16 — é esperado com quedas em alguns indicadores, com destaque para o lucro líquido.

Em relação ao lucro líquido da Vale no 4T22, apenas a Genial projetou um valor — e não é o dos mais otimistas. A casa espera que os ganhos apresentados tanto no minério de ferro quanto nos metais básicos reflitam em um resultado no lucro líquido de US$ 3 bilhões. 

“A base comparativa no trimestre/trimestre sofre efeito não recorrente, que ajudou no aumento de lucro líquido no 3T22. No 4T21 a companhia auferiu lucro líquido recorde por topo de ciclo do minério de ferro.”

É importante lembrar que, no 3T22, a Vale obteve um lucro líquido de US$ 4,45 bilhões e de US$ 5,42 bilhões no 4T21 (resultado recorde). Se a projeção da Genial se cumprir, é esperada uma queda de 32% frente ao trimestre imediatamente anterior e de 55% na comparação anual.

Porém, o EBITDA subirá 19%

Apesar do debate em torno da Vale após o rali do minério de ferro, os especialistas mantêm a tese de que a mineradora está bem posicionada no mercado. A administração segue disciplinada em sua estratégia de alocação de capital.

Em relação ao quarto trimestre de 2022, os especialistas do Goldman projetam um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) entre US$ 5,2 bilhões e US$ 5,7 bilhões (+10% em relação a projeções anteriores da casa). “Dadas as vendas de minério de ferro acima do esperado e bons preços realizados.”

Os especialistas do Santander (SANB11) seguem uma linha semelhante. Mesmo com a recomendação outperform para a Vale, são, porém, mais contidos. “Esperamos uma reação neutra do mercado ao resultado da produção e reiteramos nossa visão de EBITDA de US$ 5,1 bilhões para o 4T22”, dizem. 

No 4T21, o EBITDA da Vale chegou a US$ 4,828 bilhões enquanto no 3T22 foi de US$ 3,6 bilhões. Com isso, a projeção é de alta de aproximadamente 19% na comparação anual e de 41% entre os trimestres. Isso pode fazer parecer que o lucro também vai crescer, mas o analistas não estão animados quanto a isso.

Queda de 11,5% na receita líquida do 4T22

Diante de uma dinâmica favorável de preços realizados por valores provisionados mais altos, e uma queima de estoque nas vendas, a Genial Investimentos afirma esperar uma alta de dois dígitos na receita líquida da Vale em relação ao trimestre imediatamente anterior (3T22).

Os analistas da casa afirmam que a receita da companhia é muito concentrada na exposição do minério de ferro — apesar de parte dos metais básicos estarem ganhando espaço —, o que deve contribuir positivamente no 4T22.

No entanto, na comparação anual a projeção da receita líquida da Vale tem queda de 11,5%. No 4T21, a mineradora obteve US$ 13,1 bilhões.

“Esperamos uma receita líquida de US$ 11,5 bilhões (+16,8% t/t; -11,5% a/a), marcada principalmente por uma alta na receita de minérios finos, chegando a US$ 8,2 bilhões no 4T22 versus US$ 6 bilhões no 3T22. Representando sazonalidade positiva, adicionada a uma dinâmica de preços melhor, é capaz de agregar no resultado da Vale.”

Embora não traga números sobre as receitas do cobre, a casa projetou a receita da Vale no 4T22 de outros metais:

  • Pelotas: US$ 1,2 bilhões (-23,6% t/t; -33,0% a/a);
  • Níquel: US$ 1,3 bilhões (+39,5% t/t; +55,9% a/a).

Recomendação das casas

resultado da produção da Vale no 4T22 jogou um banho de água fria nos investidores, mas para os especialistas não houve grandes surpresas. Tanto é que elas mantiveram suas respectivas recomendações em relação aos ativos da mineradora.

Confira abaixo:

  • Bank Of America: recomendação neutra, com preço-alvo a US$ 19 (ADR);
  • Genial Investimentos: recomendação de manter, com preço-alvo a R$105,00;
  • Goldman Sachs: recomendação neutra, com preço-alvo a US$ 12 (ADR);
  • Santander: recomendação de compra, com preço-alvo a US$18 (ADR);
  • XP Investimentos: recomendação de compra, com preço-alvo a R$ 97.

Vanessa Loiola

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