As ações da Petrobras (PETR4) negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) despencam 15% na manhã desta segunda-feira (22). Os investidores estrangeiros expressam o pessimismo com a estatal após a interferência política do presidente Jair Bolsonaro, demitindo o Roberto Castello Branco, que liderava a companhia por indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Por volta das 7h40, as ações da Petrobras no mercado futuro estadunidense eram cotadas US$ 8,60, após encerrarem o pregão da última sexta-feira (19) a US$ 10,05. Na Europa não é diferente: os papéis da petroleira recuavam 12% na Bolsa de Frankfurt.
Os movimentos fora do Brasil indicam que os papéis da estatal devam abrir o pregão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) em forte queda. Na última sexta, as ações preferenciais recuaram 6,63%, fazendo com que a companhia perdesse quase R$ 30 bilhões em valor de mercado.
Por ser uma das maiores posições do Ibovespa — as ações ordinárias e preferenciais equivalem a 9,82% do índice –, a Petrobras devem estimular uma derrocada do mercado brasileiro como um todo.
O EWZ, principal ETF brasileiro negociado nos Estados Unidos, que replica o índice MSCI Brazil, tombou 3,64% no after market da sexta, logo após o anúncio do general da reserva Joaquim Silva e Luna como novo presidente da empresa.
Ações da Petrobras não devem ser as únicas a sofrer
A preocupação dos investidores nesta segunda não ficará restrita às ações da Petrobras. No sábado (20), em conversa com apoiadores, Bolsonaro, após dizer que s reajustes dos preços dos combustíveis este ano foram uma “covardia”, prometeu agir no mercado de energia elétrica também — assim como a ex-presidente, Dilma Rousseff.
“Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”, disse. O movimento pode influenciar negativamente as ações da Eletrobras (ELET3).
Segundos especialistas, também é esperada alta nas taxas dos principais contratos de juros futuros — a curva de juros é sensível a episódios dessa magnitude. Com atritos entre o governo e o mercado, o preço e a disponibilidade de crédito na economia devem ser abalados.
Conselho se reunirá para decidir próximos passos
O Conselho de Administração da Petrobras irá se reunir na próxima terça-feira (23) para decidir os próximos passos da companhia. Os integrantes discutirão se devem acatar a indicação do governo para uma convocação da assembleia de acionistas para eleger Silva e Luna, diretor-geral de Itaipu Binacional, para o Conselho.
Esse processo é necessários para que o militar possa ser efetivado como presidente da petroleira. Vale ressaltar que, segundo o estatuto da empresa, o presidente também tem assento no Conselho.
A intervenção na companhia põe à prova a independência do Conselho. A rejeição do nome de Silva e Luna pode desencadear uma crise com a União, impactando ainda mais os acionistas com uma pressão nas ações da Petrobras.