Os Estados Unidos anunciaram a imposição de tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, e em relatório, o Itaú BBA avalia os impactos da medida para o mercado brasileiro, que é o segundo maior exportador da commodity para os EUA.
De acordo com a Nucor, uma das principais siderúrgicas dos EUA, cerca de 82% do volume de aço importado para o país em 2024 se beneficiava de isenções ou cotas isentas de impostos.
Com a mudança, os produtores locais devem aumentar suas taxas de utilização da capacidade e ganhar poder de precificação, diz o relatório.
No mercado latino-americano, a Gerdau (GGBR4) desponta como a grande beneficiária da medida, segundo os analistas, enquanto exportadores brasileiros de semiacabados, como Ternium Brasil e ArcelorMittal, estão entre os mais impactados negativamente.
O Brasil é o segundo maior exportador de ferro e aço para os EUA, representando cerca de 15% das importações norte-americanas.
Em 2024, o país exportou 9,6 milhões de toneladas de aço, sendo que 60% desse volume teve os EUA como destino.
A grande maioria dessas exportações (76%) consiste em produtos semiacabados, como placas de aço (slabs), que são processados e utilizados internamente pelos norte-americanos.
Com a nova tarifa do aço, os produtores não listados na Bolsa de valores serão os mais afetados, diz o BBA, já que representam mais de 80% das exportações de aço do Brasil.
Empresas como a ArcelorMittal, que adquiriu a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) em 2023, e a Ternium Brasil podem enfrentar dificuldades significativas devido à dependência do mercado norte-americano, explica o relatório.
A exposição das empresas siderúrgicas brasileiras ao mercado norte-americano varia de acordo com seus modelos de negócio. Veja como cada uma pode ser impactada:
- Gerdau (GGBR4): As exportações brasileiras representam cerca de 4% da receita consolidada da companhia, com apenas 1-2% vindos do mercado norte-americano.
- Usiminas (USIM5): Aproximadamente 3% de sua receita vem da América do Norte, majoritariamente dos EUA.
- CSN (CSNA3): Cerca de 4% da receita da empresa está vinculada ao mercado norte-americano.
Segundo a casa, entre as empresas da América Latina, a GGBR4 é a principal beneficiária das novas tarifas sobre o aço.
A empresa possui uma capacidade instalada de 4,8 milhões de toneladas por ano na América do Norte, sendo 3,8 milhões de toneladas apenas nos EUA.
Segundo estimativas preliminares, a Gerdau exporta aproximadamente 300 mil toneladas por ano do Canadá para os EUA, mas tem flexibilidade para deslocar parte dessa produção para o território norte-americano, caso seus clientes resistam ao repasse do custo da tarifa.
Com base nos novos cenários, um aumento de 5% nos preços do aço nos EUA pode resultar em um crescimento de 12% no EBITDA da Gerdau, impulsionando suas margens e competitividade no mercado, afirma o Itaú BBA.
A casa completa dizendo que a imposição da tarifa deve elevar os preços do aço nos EUA e aumentar a demanda pela produção doméstica. Entretanto, a capacidade de produção interna norte-americana pode não ser suficiente para substituir totalmente as importações. Dessa forma, o impacto das novas tarifas pode ser sentido no longo prazo, com um potencial aumento nos custos da indústria e consequências para os consumidores finais.