Acionistas questionam ‘lambança contábil’ da fusão entre Terra Santa e SLC (SLCE3), diz site
Recentemente concluída, a fusão entre SLC (SLCE3) e Terra Santa reserva mais alguns capítulos. Segundo o site Pipeline, do jornal Valor Econômico, acionistas da companhia de propriedades agrícolas questionam na Justiça a contabilidade formatada no negócio.
O fundo Esh, que controla 5% da empresa e tem como maior investidor a holding Bonsucex, além das gestoras Laplace e Gávea, protocolou um pedido de produção antecipada de provas a respeito do negócio entre SLC e Terra Santa, que acabou por reorganizar as operações das empresas.
O negócio entre as companhias consistiu na segregação da Terra Santa em duas partes. São elas:
- Exploração agrícola, que acabou sendo incorporada pela SLC;
- Atividade imobiliária de controle e arrendamento de terras, empresa negociada na B3 com o ticker LAND3.
Com isso, os investidores da Terra Santa receberam ações da SLC e papéis da nova empresa imobiliária, como pagamento pelo negócio.
De acordo com a apuração do site, é na criação da nova organização que nasce o problema.
Os escritórios Galdino&Coelho e Carpena Advogados chamam os contratos entre SLC e Terra Santa de “lambança contábil”. A explicação está nos valores contábeis da segregação das terras.
A divisão dos terrenos foi realizada pelo valor de R$ 673,59 milhões, em março, quando o processo foi iniciado. Já em julho, a Terra Santa disse que o valor de mercado das terras seria de R$ 2,46 bilhões.
Quando questionados pelo Esh, os administradores da companhia disseram que “não haviam avaliado os impactos fiscais de transferir de uma para outra os ativos imobiliários a valor contábil”, conforme o Pipeline reportou.
Custos da não reavaliação das terras da Terra Santa
O questionamento dos acionistas e dos escritórios de advocacia reside na perda de oportunidade de reavalização dos ativos imobiliários a valor justo, antes da reorganização junto à SLC.
Isso seria feito com a amortização do ganho de capital em prejuízos acumulados desde os tempos de TESA, a empresa original.
Não sendo realizado, o crédito fiscal dos prejuízos não foi aproveitado. E, como a reavaliação foi feita depois, pode gerar um ganho de capital relevante na futura venda dos ativos.
O documento obtido pelo Pipeline mostra que a decisão tomada pelos administadores “provocará prejuízos decorrentes de impactos tributários desnecessários” à TS Propriedades. O valor está na ordem de R$ 750 milhões, de acordo com a petição.
O Esh disse que já tinha questionado à empresa sobre o não reconhecimento do valor justo das terras antes da fusão, além de procurar saber qual é o tratamento que a TS Propriedades dará às terras daqui para frente. Não tendo respostas, procurou a Justiça.
O caso ainda dará pano para a manga. Segundo o site, o fundo Centauro pode se juntar ao Esh após ter feito questionamentos similares à administração da Terra Santa.
O fundo é o mesmo que entrou na discussão entre Gol (GOLL4) e Smiles, na âmbito da incorporação da empresa de fidelidade, aumentando o preço por ação a ser pago pela companhia aérea.
Cotação de SLCE3 e LAND3
Por volta das 10h32, após a abertura do pregão desta sexta-feira (24), as ações da SLC recuavam 1,10%, enquanto os papéis da TS Propriedades, resultado da segregação da Terra Santa, avançavam 0,88%.