Acionistas do Credit Suisse querem mudanças no conselho após perdas bilionárias, diz jornal
Após amargar perdas bilionárias em dois escândalos, o Credit Suisse (C1SU34) será pressionado por acionistas de grande porte para que os responsáveis pelos casos arquem com as consequências. Segundo o jornal britânico Financial Times, um dos alvos é Andreas Gottschling, chefe do comitê de risco do banco.
Gottschling, que preside a área de risco do Credit Suisse desde 2018, é um dos mais criticados pela perda de ao menos US$ 4,7 bilhões (R$ 25,74 bilhões na cotação atual) com a quebra do family office Archegos Capital, no início deste mês.
O colapso teve seu estopim com a chamada de margem da Archegos após liquidar uma série de operações alavancadas em grandes empresas de tecnologia. Vários bancos estiveram envolvidos, mas certamente o Credit Suisse será o mais prejudicado.
O caso da Archegos ocorreu logo após o banco suíço suspender US$ 10 bilhões em fundos de financiamento relacionados ao Greensill Capital, do polêmico financista Lex Greensill, cuja insolvência pode custar US$ 3 bilhões aos cofres do Credit.
A instituição se mostrou obrigado a levantar US$ 1,9 bilhão no mercado para reforçar seu capital, além de suspender o pagamento de proventos.
Os desafetos de Gottschling
David Herro, vice-presidente da Harris Associates, que diz ter 10,25% das ações do Credit, disse ao Financial Times que “é função do diretor representar os acionistas e zelar pela administração. Estou realmente surpreso, à luz dos eventos atuais, que ele [Gottschling] ainda não renunciou”.
O investidor disse que espera a chegada de António Horta-Osório, ex-Lloyds Bank, que será o novo presidente do conselho do banco a partir de 30 de abril, para revisar o time que integra o conselho.
Harris será acompanhado pela Fundação Ethos, que representa 200 fundos de pensão suíços que possuem entre 3% e 5% do credor. Um fundo de petróleo da Noruega informou, neste domingo, que também votaria contra a reeleição de Gottschling, bem como de outros cinco membros do conselho.
As falhas com Greensill e Archegos não foram as únicas do Credit Suisse nos últimos anos. Em 2018, o banco perdeu cercac de US$ 60 milhões após não vender um bloco de ações da marca canadense de roupas Goose, quando suas ações despencaram. Em 2019, foram derramados US$ 200 milhões quando o hedge fund Malachite Capital faliu.
Credit Suisse tem prejuízo
Na última quinta-feira (22), o Credit Suisse apresentou seu resultado do primeiro trimestre deste ano. Puxado pela perda com o Archegos, o banco suíço teve seu segundo trimestre consecutivo de prejuízo.
O banco registrou uma perda de 252 milhões de francos suíços (US$ 275,26 milhões) entre janeiro e março, menor do que a expectativa do mercado. No mesmo período do ano passado, o Credit Suisse teve lucro de 1,31 bilhão de francos suíços (US$ 1,43 bilhão).
O Credit Suisse revelou que faria uma emissão de 203 milhões de notas conversíveis em ações, procurando fortalecer seu balanço. Os papéis foram apresentadas a um grupo de acionistas principais, investidores institucionais e indivíduos com alta renda.