Ação da Natura (NTCO3) despenca 10,8%. O que aconteceu?
A Natura (NTCO3) divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2022 (2T22) na noite de quinta-feira (11), com prejuízo líquido aos controladores de R$ 766,7 milhões, explicado por maiores despesas financeiras e impostos. O mercado não recebeu bem os números gerais do resultado trimestral da companhia e os papéis despencaram nesta sexta.
De acordo com a XP Investimentos, os números da empresa foram fracos frente à deterioração macro, apreciação cambial, conflito entre Ucrânia x Rússia e pressão de custos.
“Dessa forma, o Ebitda ajustado veio praticamente em linha com nosso número, mas abaixo do consenso de mercado”, diz o relatório da XP.
O número de vendas consolidadas da Natura caiu 9% na comparação de base anual, devido à continuidade de um cenário macro mais fraco, principalmente em relação a Brasil e Europa. Contribuíram para a baixa os desdobramentos econômicos do conflito leste europeu e efeitos negativos de câmbio.
Um dos principais destaques negativos do balanço da Natura, a rentabilidade sofreu no 2T22, com a margem Ebitda ajustada em 6,3%, uma queda de 2,3 pontos percentuais nos últimos 12 meses.
De acordo com os analistas, a margem foi puxada pela The Body Shop em 3,4% (-9,7 p.p.) e a Natura&Co LatAm em 9,0% (-1,1 p.p.). O relatório aponta os seguintes movimentos para o recuo, chamados “principais ofensores”:
- Maiores custos de matéria prima e fretes;
- Efeitos negativos de câmbio; e
- Desalavancagem operacional frente à queda de receita, principalmente em Avon e TBS; o que foi parcialmente compensado por ganhos de eficiência e sinergias.
“Diferentemente da companhia, nós não ajustamos o Ebitda para os custos de reestruturação uma vez que, apesar de vermos como temporário, acreditamos ser consequência de decisões da gestão da companhia e ajustes operacionais”, pontua o texto.
Do lado operacional, a XP destaca:
- Continuidade da recuperação da produtividade da consultora Natura no Brasil (+17,5% no ano a ano);
- Avon continua a apresentar evolução sequencial nas geografias onde o novo modelo comercial foi implementado, mesmo com a performance de Moda&Casa ainda pressionando os resultados;
- A Natura deve lançar um projeto piloto da Natura&Co Pay na Avon Brasil no 2º Semestre;
- O conflito entre Rússia e Ucrânia segue como um desafio para performance de Avon Internacional e TBS.
Por fim, os analistas acreditam, conforme dito pela companhia, que é possível esperar mais mudanças no curto prazo, com economias potenciais de até 40% na estrutura corporativa, “enquanto sentimos mais cautela em relação à dinâmica de margem ao 2º semestre, mas mantendo uma visão construtiva para crescimento.”
Agenda ESG da Natura
A agenda ESG da Natura continua a avançar, com os principais pontos:
- Mais de R$ 2,6 bilhões investidos na região Amazônica desde 2010, superando sua meta para 2030;
- Inclusão da meta de redução de carbono como um dos fatores de incentivo de longo prazo para os executivos; E
- Investimentos em causas-chave, incluindo suporte para as vitimas da Guerra na Ucrânia e pelos direitos dos jovens LGBTQIA+.
Cotação
A ação da Natura despencou 10,80%, cotada a R$ 14,21. No ano, acumula perdas de 45,14%.