As ações da Kraft Heinz desbaram 20% no after hours da última quinta-feira (21) após a notícia de uma intimação recebida da Securities and Exchange Commission (SEC). Além disso, a negociação dos papéis foi influenciada negativamente pelo corte nos dividendos.
Junto com seus resultados do quarto trimestre de 2018, a Kraft Heinz informou que foi intimada pela SEC em outubro passado. A empresa, de propriedade da brasileira 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, está sendo investigada pelo órgão de vigilância da Bolsa de Valores dos Estados Unidos. No específico, estão sendo analisadas as práticas contábeis da empresa.
Além disso, a Kraft Heinz anunciou um corte de US$15,4 bilhões no valor das marcas Kraft e Oscar Mayer. Também foi anunciada uma perda no quarto trimestre, chegando a US$ 12,6 bilhões. E um corte de seu dividendo por ação para US$ 40 centavos. O mercado esperava um dividendo de US$ 62,5 centavos por ação. Segundo analistas, esse corte sinalizaria como a pressão sobre o caixa da empresa continua intenso.
No acumulado de 2018, a Kraft Heinz registrou um lucro de US$ 84 centavos por ação e uma receita de US$ 6,89 bilhões. Um resultado aquém das expectativas do mercado, que previa um lucro de US$ 94 centavos e uma receita de US$ 6,93 bilhões.
Após essas notícias, as ações da empresa acabaram sendo negociadas abaixo de US$ 38.
A Kraft Heinz salientou estar cooperando plenamente com a SEC e informou ter lançado uma investigação interna após receber a intimação. “A empresa está no processo de implementar certas melhorias em seus controles internos para mitigar a probabilidade de isso ocorrer no futuro e tomou outras medidas corretivas”, informou a Kraft Heinz.
A intimação da SEC seria relacionada às “políticas contábeis, procedimentos e controles internos” nas aquisições. Após a notificação, a Kraft teria modificado o “custo dos produtos vendidos” em US $ 25 milhões. Entretanto, a empresa considerou que o aumento era “imaterial para o quarto trimestre de 2018 e os trimestres já reportados de 2018 e 2017”.
A empresa informou que está aprimorando seus controles e procedimentos internos para evitar futuros casos similares.
Momento de tensão
A notificação da SEC chega em um momento turbulento da história da Kraft Heinz. Em abril do ano passado, Marcel Telles deixou o board da empresa. Além disso, os investidores estão se mostrando insatisfeitos com a gestão da empresa. E isso tudo aumentou a pressão sobre o CEO Bernardo Hees.
“Ainda acreditamos firmemente que nosso modelo está funcionando e tem muito potencial para o futuro”, declarou Hees em uma videoconferência com analistas e investidores. O CEO da Kraft Heinz salientou como a administração estava “desapontada” com os níveis de lucratividade. “Estávamos muito otimistas em entregar cortes de gastos que não se concretizaram”, afirmou o executivo.