A Seguir: Crise na Reforma, Temer Preso e Indícios de Desaceleração nos EUA

O que deve movimentar a semana no Brasil

No Brasil a situação política continua a ter forte influência na Bolsa.

IBOV perde os 100.000 com prisão de Temer

Logo após batermos a marca histórica dos 100.000 pontos pela primeira vez na história (em termos nominais) uma série de eventos políticos impactou o mercado trazendo o IBOV para baixo dos 94 mil pontos.

O início das complicações se deu com a prisão do ex Presidente Temer na última semana durante mais uma fase da operação Lava Jato.

Veja mais: Prisão de Michel Temer: confira a repercussão na imprensa internacional 

Durante a mesma operação o ex governador do rio Moreira Franco também foi preso.


Maia Ameaça deixar articulação para reforma da previdência

Os acontecimentos culminaram com a declaração de Maia – aliado político de Temer no MDB e genro de Moreira Franco – considerando deixar a articulação para a aprovação da reforma.

Veja mais: Após dois golpes, Ibovespa desaba ainda mais com declaração de Rodrigo Maia 

Tais acontecimentos somados ao descontentamento geral com a proposta de reforma para a aposentadoria dos militares que foi consideravelmente mais branda do que o esperado, teve um impacto fortemente negativo no mercado.

As conversas para que Bolsonaro e Maia se encontrem amanhã (segunda-feira) para discutir como realinhar o processo de aprovação da reforma já foram iniciadas, e as expectativas são grandes.


Reunião do COPOM também é destaque

Saindo um pouco do campo político nessa semana também teremos a minuta da reunião do COPOM, que deve ser liberada na terça-feira (26).

A expectativa é de que os comentários da ata indiquem o que esperar sobre a política monetária e econômica no curto e médio prazo.

O papel dessas decisões tem se tornado cada vez mais relevante para garantir o crescimento do país, uma vez que o cenário de incerteza política vem continuamente pressionando as expectativas de crescimento do PIB que hoje já se aproximam de 1% em 2019, antes algo em torno de 3% em 2018.


Dados sobre confiança do consumidor e geração de empregos

Além disso, teremos também a liberação de dados sobre a confiança do consumidor pela FGV na quarta-feira (27) e do CAGED (geração de empregos) na quinta-feira (28).

No caso do CAGED a expectativa é ampliada devido ao fato do último relatório ter ficado consideravelmente abaixo das expectativas. Caso o mesmo se repita na próxima liberação, isso pode apontar para um cenário de desaceleração da economia ao oposto do crescimento esperado.


O que deve movimentar o mundo essa semana

No mundo os destaques continuam sendo velhos conhecidos.

Dados sobre economia dos EUA são aguardados

Nos EUA os dados econômicos que devem ser liberados ao longo dessa semana chamam atenção a começar pela última avaliação sobre o GDP (PIB) no 4º trimestre de 2018.

A expectativa é que os dados mostrem um crescimento de 2,4% em base anual (abaixo da estimativa anterior de 2,6%), e também abaixo dos dados do 3º trimestre onde o crescimento era de 3,4%.

De modo geral, essa desaceleração é vista como esperada uma vez que os efeitos do corte fiscal de 1,5 Trilhão de Dólares realizado por Donald Trump no ano passado, começa a ser totalmente incorporado na economia.

Além disso, a guerra comercial com a China, bem como tensões na Europa causadas pelo Brexit, contribuíram para um aumento da incerteza, o que acaba por causar impacto negativo no crescimento da economia.

Na sexta-feira, também devem ser liberados dados sobre a inflação americana, a expetativa é que seja apresentada uma alta de 0,2% e que a inflação anual fique na casa dos 1,9%.

Por fim, ao longo da semana dados sobre o mercado de imóveis (Housing) devem ser liberados, assim como dados sobre a confiança do consumidor.


Negociações a respeito da Guerra Comercial continuam

Nessa semana também é prevista a retomada das negociações de alto nível entre EUA e China sobre a Guerra Comercial envolvendo as duas potências que já se estende a 8 meses.

Apesar de ambos os países já terem declarado a intenção de chegarem a uma solução pacífica e positiva para o tema, alguns pontos ainda geram atritos.

Nesse momento o foco da discussão é a demanda vinda dos EUA para que a China diminua as barreiras impostas para que as empresas de tecnologia americana possam atuar no país.


Brexit continua sem solução clara

E para finalizar a visão global dessa semana, vamos para a Europa, onde o Brexit continua sem uma conclusão clara a vista.

As chances de um “No deal Brexit” continuam altas, e apesar de Theresa May ter conseguido uma extensão do prazo para a conclusão do Brexit (de 29 de março para 12 de abril), as negociações no Parlamento para a aprovação de um acordo sobre como o Brexit deve acontecer seguem complexas.

Veja mais: Adiamento do Brexit é aprovado; nova data pode ser 30 de junho 

O fato da proposta de May para o Brexit já ter sido derrotada em votação 2 vezes, está ampliando a pressão para que ela renuncie ao posto de primeira ministra o que colabora para aumentar as incertezas sobre a situação como um todo.

João Vitor Chaves Silva

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