Joe Biden diz que EUA precisam “resgatar a alma da América”
Após ser declarado presidente eleito nos Estados Unidos, Joe Biden fez seu primeiro discurso na noite do último sábado (7). No estado de Delaware — onde assumiu seu primeiro cargo no mundo político há 50 anos –, o democrata disse que o país precisa “resgatar a alma da América”.
Assim como Donald Trump há quatro anos, o primeiro discurso de Joe Biden foi conciliatório. “Vou trabalhar com todo meu coração para conquistar a confiança de todos. Acredito que a América deve ser assim. Ir com o povo e com as pessoas e é isso que minha administração terá como base. Busquei esse cargo para restaurar a fé da América”, disse.
“Sou um democrata orgulhoso, mas vou governar como um presidente americano. Vamos acabar com essa demonização da América”, afirmou o novo presidente. “Essa recusa entre democratas e republicanos de não cooperarem não é uma força misteriosa fora do controle. É uma escolha que fazemos.”
O democrata disse que não existem estados azuis ou vermelhos nos Estados Unidos, fazendo alusão às cores que representam os partidos Democrata e Republicano. “Para quem votou no presidente [Donald] Trump, entendo a frustração, já perdi algumas vezes na minha vida. Mas para avançar temos de não tratar nossos oponentes como inimigos. Vamos dar uns aos outros uma chance.”
Biden lembrou o fato de ter recebido “mais votos do que qualquer presidente desta nação”. De acordo com a apuração das urnas, ele já contabiliza mais de 74 milhões de votos, maior marca de um mandatário eleito. “O povo lhe concedeu uma vitória convincente”, disse.
“Temos de fazer as promessas para todos. Não importa raça, identidade. Vou governar como um presidente americano, não um democrata.”
Combate ao coronavírus
Em sua fala, o ex-vice-presidente disse que “só conseguiremos recuperar a economia quando tivermos isso [coronavírus] sob controle. “Não podemos ter a economia restaurada com a doença que vai tirando vidas”.
“Na segunda-feira (9) vou nomear cientistas e conselheiros para começar em 21 de janeiro [início de seu mandato] um plano contra a Covid-19 para reconstruir a base de nossa ciência.” “Não vou economizar nenhum esforço para conseguir dar a volta por cima e derrotar essa pandemia”, afirmou o presidente eleito.
Sem uma política unificada no combate à pandemia, os Estados Unidos já registram mais de 9 milhões de casos da doença, com cerca de 237 mil mortes. Na última sexta-feira (6), o país bateu o novo recorde mundial de infecções diárias pelo coronavírus, com 123 mil em 24 horas.
Vitória de Joe Biden
A vitória de Biden foi confirmada, na tarde do último sábado, após agências e veículos de imprensa declararem que ele conquistou os 20 votos eleitorais da Pensilvânia.
Pela característica dos votos que ainda precisam ser contabilizados — de áreas controladas pelos democratas e enviados pelo correio — o ex-vice-presidente não pode mais ser alcançado por Trump, de acordo com as projeções. É matematicamente impossível que Trump seja reeleito sem vencer na Pensilvânia, necessária para que o mandatário atinja o mínimo de 270 votos no colégio eleitoral.
Trump, no entanto, salientou que não aceita a vitória de Joe Biden. Em comunicado oficial divulgado por sua campanha, o mandatário disse que o processo eleitoral deste ano “está longe de acabar”. Vale lembrar que o estado da Georgia (16 votos) terá a recontagem de votos devido a uma pequena diferença entre os candidatos. Biden lidera no estado, assim como em Arizona (11 votos).