Huawei: pressão dos EUA sobre 5G segue histórico da telefonia no Brasil

A pressão que integrantes do governo dos EUA colocam sobre autoridades brasileiras para banir a Huawei do leilão de equipamentos para a rede 5G segue um histórico comportamento dentro do setor no País.

Para além da vontade norte-americana de banir a Huawei do fornecimento de equipamentos para rede 5G, cujo leilão entre as operadoras telefônicas deve ocorrer no segundo trimestre de 2021, o setor de telecomunicações brasileiro convive com pressões históricas sobre escolhas técnicas e que esbarram em vontades geopolíticas.

No fim da década de 1990 e início dos anos 2000, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estudava qual tecnologia de frequência utilizaria para dar prosseguimento a implementação dos celulares no Brasil, considerado um grande avanço tecnológico para a época.

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A Anatel, então, não cedeu ao lobby norte-americano e leiloou frequências usadas também pelo padrão europeu, representada por empresas como a alemã Siemens, de frequência de 1,8 GHz e tecnologia GSM, para a frequência utilizada nos celulares.

A competição no mercado acabou derrotando a frequência utilizada nos EUA para telefonia celular, de 1,9 GHz, chamada de CDMA e TDMA, e representada por empresas como a Motorola, que no Brasil foi encampada prioritariamente pela Vivo. Não sem antes aguentar a pressão de integrantes do governo e representantes das empresas norte-americanas.

“O Brasil nunca cedeu às pressões. Sem impor restrições, mesmo quando deu preferência ao GSM (Europeu), sem restringir o CDMA (EUA), tecnologias da telefonia móvel implementadas no início dos anos 2000 no País”, disse uma fonte com conhecimento do setor.

Disputa pela Oi opõe China e EUA

Além da pressão sobre a frequência escolhida, o possível interesse de chineses da China Mobile na aquisição da operadora Oi, revelado pelo SUNO Notícias, despertou a atenção de fornecedores americanos e europeus, que fizeram lobby para que o negócio não passasse do campo das ideias.

Conforme também revelou o SUNO Notícias à época, a ação teve dois caminhos: de um lado um “lobby” para convidar operadoras europeias a entrar no mercado brasileiro e, eventualmente, comprar a Oi. Do outro lado, eles pressionariam as autoridades de regulamentação do setor de telefonia.

A diferença para agora, contudo, é a presença de autoridades de maior porte em ambos os lados.

“No passado havia pressão em certos momentos, mas sem envolver os mandatários maiores”, disse uma fonte com conhecimento do assunto ao SUNO Notícias.

O presidente dos EUA, Donald Trump, e integrantes do seu governo fazem campanha aberta contra a Huawei, por exemplo, enquanto que embaixadores chineses pelo mundo correm para costurar acordos que garantam a competição da empresa do país na disputa pelo 5G.

EUA oferecem subsídios para afastar chinesa Huawei do 5G

Na terça-feira (20), a delegação dos EUA , que está no Brasil para a conclusão do acordo comercial, afirmou que o país norte-americano está disposto a financiar “qualquer investimento” no setor de telecomunicações. A proposta tem como objetivo a campanha contra a empresa chinesa Huawei no território brasileiro.

“Diferentemente da China, não estamos aqui com ameaças, estamos oferecendo alternativas. Não estamos dizendo ‘não façam negócios com a Huawei’, queremos encontrar outros parceiros para o Brasil e fortalecer nossa aliança com os brasileiros”, declarou o diretor sênior interino do Conselho de Segurança Nacional, Joshua Hodges.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ainda estuda se irá banir a Huawei de fornecer equipamentos para rede 5G, cujo leilão entre as operadoras telefônicas deve ocorrer no segundo trimestre de 2021. No setor de telecomunicações a Huawei tem entre 40% e 50% de participação nas empresas brasileiras.

Além disso, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Robert O’Brien, manifestou seu receio quanto à possibilidade de a gigante da gigante das telecomunicações chinesa Huawei Technologies vencer o leilão para montar a rede 5G no Brasil.

As declarações não passaram batido dos chineses. O presidente da Huawei no Brasil, Sun Baocheng, declarou, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, que sem a Huawei a evolução da tecnologia de quinta geração demoraria até quatro anos para ser iniciada. Isso porque as teles teriam de trocar todos os equipamentos, que não conversa com o 5G dos concorrentes.

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Vinicius Pereira

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