BNP Paribas prevê queda de -5% no PIB e preocupação com situação fiscal

A crise causada pelo novo coronavírus (covid-19) deve fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caia -5% em 2020, segundo avaliação do banco BNP Paribas. O resultado, porém, é melhor do que a última previsão da instituição financeira, que previa uma queda de -7% da economia brasileira.

“Tínhamos uma queda de -7% e hoje está -5% para o PIB do Brasil neste ano. A principal diferença foi o segundo trimestre que, aos olhos de maio, parecia um cenário bastante negativo, com a economia fechada. Mas, o que observamos de lá para cá foi uma recuperação maior do que imaginávamos”, disse Gustavo Arruda, economista-chefe do BNP Paribas.

Para Arruda, a expansão da política fiscal no Brasil, principalmente relacionada ao coronavoucher, ajudou o País a ter uma queda menor que a esperada do PIB em 2020. “A explicação é a política fiscal que se olharmos a análise era baseada que o coronavoucher duraria três meses e o custo seria de 2,5% do PIB. Agora, vemos que vai custar 5% do PIB só ele. Então isso surpreendeu e ajudou muito a suavização da crise”, disse o economista-chefe.

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Mesmo com o melhor desempenho da economia no último trimestre, o quatro trimestre já deve mostrar uma desaceleração da recuperação no Brasil, dado que a política fiscal expansionista deve ser diminuída.

“No Brasil, assim como nos outros países, a economia esta incentivada por políticas fiscais que devem acabar. Aqui, há o coronavoucher que passará a metade em setembro e no final do ano irá acabar”, concluiu.

Por isso, os números do próximo trimestre não devem surpreender positivamente como os do terceiro trimestre.

“Esperamos uma desaceleração para o quarto trimestre. Os números, em especial nos países desenvolvidos, têm mostrado uma desaceleração e devemos perder um pouco de fôlego. Não seria sustentável uma recuperação tão forte quanto a do terceiro trimestre, mas temos que lembrar que com a recuperação mais lenta, demoramos mais para chegar ao mesmo patamar de antes da crise”, afirmou Arruda.

BNP Paribas vê situação fiscal como preocupante

O executivo do BNP Paribas também se mostrou preocupado com a situação fiscal no Brasil. Para Gustavo Arruda,

“Para o caso do Brasil, o que chama a atenção é o tamanho do incentivo fiscal, que explica boa parte da surpresa que estamos vendo nos números, mas é fundamental observarmos a retirada dos estímulos para o ano que vem”, disse.

Segundo o economista-chefe do BNP, o Brasil optou por utilizar toda a capacidade de estímulos neste ano e, dada a relação dívida x PIB, não possui capacidade de manter o coronavoucher para o ano que vem.

“O Brasil fez uma opção de fazer todo o incentivo fiscal de uma vez e para o ano que vem não tem espaço. Se olharmos os gastos públicos chegando próximos a 100% do PIB,  o custo de manutenção de uma dívida é muito pequeno, portanto não há muita margem para erro”, disse.

Por isso, o governo Bolsonaro precisa sinalizar ao mercado que a política de incentivos deve acabar. A equipe econômica do governo vem sofrendo pressão pela manutenção do auxílio de forma a suportar o aumento de popularidade que provém da oferta do coronavoucher, principalmente em locais de menor renda.

“O que foi feito foi necessário, mas é importante sinalizar e finalizar as políticas de incentivo”, concluiu o economista-chefe do BNP Paribas.

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Vinicius Pereira

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