Dólar abre em queda de 0,4%, de olho no cenário exterior
O dólar abriu em queda nesta terça-feira (25). Por volta das 9h08, a moeda estadunidense operava negativamente 0,45%, sendo negociada a R$ 5,5853 na venda. As discussões entre Estados Unidos e China, no âmbito da guerra comercial, impulsionam o otimismo exterior.
O dólar hoje também está de olho no cenário interno; na última segunda-feira (24), foi adiado o “Big Bang Day”, como era chamado pelo Ministério da Economia o evento desta terça-feira, que apresentaria um megapacote de medidas para a geração de emprego e recuperação econômica em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Ademais, chama atenção o comentário do Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto à dívida pública brasileira, que é pouco equacionada em dólar, o que seria um “ponto forte” para o País.
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Dólar em queda com alívio na disputa sino-americana
Após semanas com escaladas crescentes na tensão entre Estados Unidos e China, as quais influenciaram na cotação do dólar em todo o mundo, os investidores ficaram aliviados após as autoridades das maiores potências mundiais dizerem que estão comprometidas em cumprir o acordo da fase 1 da guerra comercial, assinado em janeiro deste ano.
Uma videoconferência na noite da última segunda-feira reuniu o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o vice-premiê chinês Liu He, para uma revisão formal do acordo.
Em janeiro, Estados Unidos e China chegaram a um entendimento sobre a primeira fase do acordo; a guerra comercial entre os países ocorre desde meados de 2018. Para tanto, a China prometeu comprar mais de US$ 200 bilhões em produtos dos Estados Unidos em um período de dois anos.
Desde então, as tensões entre os países foram intensificadas, sobretudo pelo surgimento da pandemia — a qual os norte-americanos responsabilizam os chineses –, a nova lei de segurança nacional em Hong Kong e as ofensivas estadunidenses sobre a atuação de redes sociais em território nacional.
O conflito entre os países foi acentuado após o presidente Donald Trump dizer que, caso alguma empresa dos Estados Unidos queira comprar o TikTok, o Tesouro norte-americano deveria receber uma parte em dinheiro, já que o governo “daria o direito do negócio acontecer”. O Ministério das Relações Exteriores chinês rebateu dizendo que não deixaria com que a empresa fosse “roubada”.
Big Bang adiado
Nesta terça-feira, o governo federal lançaria um megapacote de medidas nas áreas social e econômica, com o objetivo de estimular a economia e construir o caminho para as eleições de 2022. O dia estava sendo chamado por “Big Bang Day” pelo Ministério da Economia.
No entanto, de acordo com o jornal “O Globo”, o presidente Jair Bolsonaro havia dito ao ministro Paulo Guedes que o esquema do programa Renda Brasil estava muito complexo, que seria de difícil entendimento para o público-alvo, e pediu para que o chefe da pasta econômica refizesse o plano.
Além disso, Bolsonaro teria pedido para a equipe econômica chegar a um valor a partir de R$ 300 mensais, mas Guedes resiste. Estava previsto um valor mensal de R$ 247 para os beneficiários; o montante também deve ser revisto antes da divulgação oficial.
Também existem desencontros em relação às obras inclusas na carteira de investimentos que será anunciada no megapacote. A criação de um novo imposto, como a antiga CPMF, é outra questão que enfrenta forte divergência no Congresso.
Todavia, nesta terça-feira deve ser anunciado o Casa Verde-Amarela, que será uma reformulação do Minha Casa, Minha Vida. O programa é entendido no governo como um dos projetos prioritários para a geração de empregos e para a retomada da atividade econômica. A medida, que pode beneficiar 1 milhão de pessoas — sobretudo no Norte e Nordeste –, deve contemplar a redução de juros para financiamentos habitacionais.
FMI enxerga ponto forte no Brasil
A representante do FMI no Brasil, Joana Pereira, disse, na última segunda-feira, que embora o Brasil esteja sofrendo fortes impactos em função da pandemia do novo coronavírus, um dos pontos fortes do País é a dívida pública “mínima em moeda estrangeira”.
O comentário foi proferido em um encontro virtual da Comissão Mista do Congresso Nacional com representantes do Fundo, do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foram discutidas questões acerca da situação fiscal, orçamentaria e financeira do Brasil.
Pereira salientou que “na comparação com outros emergentes, o Brasil apresenta algumas vulnerabilidades, como o nível de dívida pública e a baixa produtividade. Certamente essas vulnerabilidades vão se intensificar em 2021. Por outro lado, o Brasil entra na crise com adoção de medidas que buscavam abordar esses problemas. Eu vejo inclusive intenção de continuar provendo âncora fiscal que possibilite a redução de dívida ao longo do tempo”.
“Além disso, a porcentagem da dívida em moeda estrangeira é mínima, e esse é um ponto forte para o Brasil, por ser pouco dependente de investidor estrangeiro e por contratação de dívida em moeda estrangeira”, disse a representante. Segundo ela, como o País não é tão dependente de dívida extermina lastreada na moeda estadunidense, significa que pode ser mais efetivo em prover esse colchão e poder realizar maiores ajuste sem que haja impactos financeiros intensos.
Última cotação do dólar
Na sessão da última segunda-feira, o dólar encerrou o pregão em queda de 0,225%, negociado a R$ 5,5942 na venda.