Kodak dispara mais de 1.000% com acordo para produção de fármacos
As ações da empresa de fotografia Eastman Kodak (NYSE: KODK) dispararam mais de 1.000% nos últimos dois dias, após notícias de que a companhia poderia produzir ingredientes farmacêuticos em meio à pandemia do novo coronavírus.
O rali aconteceu após o governo do presidente Donald Trump anunciar um empréstimo de US$ 765 milhões (cerca de R$ 3,95 bilhões) para a Kodak lançar um novo negócio com foco em ingredientes para medicamentos.
Os papéis da companhia chegaram a subir 495% na manhã desta quarta-feira (29) e teve seus negócios suspensos depois de subir mais de 200% no pregão do dia anterior. Às 16h, no momento de fechamento deste matéria, as ações da companhia subiam 395,55%, com bastante volatilidade, cotada a US$ 39.35.
“Nunca mais queremos confiar em remessas da China ou de outros lugares para obter suprimentos médicos que salvam vidas”, declarou o governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, em comunicado.
A Kodak ressaltou que possui familiaridade com o negócio de produtos químicos, em vista de seu experiência com filmes fotográficos. Nesse sentido, a empresa planeja apoiar “a autossuficiência dos EUA na produção dos principais ingredientes farmacêuticos necessários para manter nossos cidadãos seguros”, afirmou o presidente executivo, Jim Continenza.
Trump aciona lei de defesa da produção
O empréstimo para a Kodak foi realizado por meio do chamado Ato de Produção de Defesa, invocado pelo presidente Trump ainda em março deste ano, no início da pandemia. A lei concede ao governo norte-americano mais controle da produção industrial em tempos de emergência.
O mandatário se valeu da medida para acelerar a produção de equipamentos para o combate ao novo coronavírus. Com isso, o governo dos Estados Unidos objetiva agilizar a produção de de medicamentos e reduzir a dependência do país de fornecedores externos.
O governo americano anunciou que este é o acordo com a Kodak é o primeiro do tipo. A administração de Trump havia utilizado o Ato de Produção de Defesa em ocasiões anteriores para demandar da montadora Ford a fabricação de respiradores e máscaras e da General Motors a produção de ventiladores.
Valuation da Kodak não é uma tarefa fácil de realizar
Vale ressaltar que a companhia protocolou pedido de falência há menos de uma década, em 2011, e conseguiu se recuperar a partir do ano de 2013. Desde então, as ações da empresa chegaram a atingir a máxima histórica de US$ 37,20, em janeiro de 2014, para depois chegar à mínima de US$ 1,55, em março do mesmo ano.
Em vista da alta volatilidade para os ativos, não há, atualmente, analistas que cubram a empresa e nem preços-alvo para auxiliar os investidores. Além disso, a Kodak, que sempre jogou no setor de imagens, agora está migrando para um novo negócio junto ao governo dos Estados Unidos. Dessa forma, a tarefa de avaliar o movimento e comparar com os múltiplos da companhia se torna fácil para o investidor comum.