BCE pede aos bancos europeus que não paguem dividendos em 2020
O Banco Central Europeu (BCE), pediu nesta terça-feira (28) que os bancos da zona do euro mantivessem a suspensão do pagamento de dividendos até janeiro de 2020. A autoridade monetária também indicou que as instituições financeiras deveriam ser “extremamente moderadas” no pagamento de bônus para os executivos durante a pandemia do coronavírus (Covid-19).
O BCE realizou tais recomendações para ajudar os bancos a absorver perdas e apoiar os empréstimos necessários durante a crise do coronavírus, que deixou a economia da União Europeia em uma grave recessão.
O presidente do conselho de supervisão do BCE, Andrea Enria, explicou que entende o incômodo que o atraso nos dividendos causa para os acionistas dos bancos, mas acrescentou que as medidas são “excepcionais e temporárias”.
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“Vimos que houve um impacto nos preços dos ativos no mercado, como esperado”, disse ele. “Sabemos que os investidores não ficaram particularmente satisfeitos com a nossa decisão, mas achamos que é necessário tomar as medidas nesse estágio de maior incerteza. É importante pedir aos bancos que concentrem seus recursos de capital na absorção de empréstimos e perdas”.
As ações dos bancos europeus foram duramente atingidas este ano, depois que os credores foram pressionados pelos reguladores a suspender os retornos de capital para os acionistas no auge da crise do Covid-19. O índice Stoxx Europe 600 Banks caiu mais de um terço em 2020, em comparação com uma queda de pouco mais de 10% no índice Stoxx Europe 600, que inclui outras empresas além dos bancos.
A reação dos investidores à medida do BCE
Jonathan Pierce, analista da Numis, informou que espera que os bancos comecem a fazer “pagamentos de dividendos simbólicos” no próximo ano. “Pagamentos mais significativos provavelmente serão adiados até pelo menos 2022 e haverá ventos contrários consideráveis à medida que as regras regulatórias reverterem aos requisitos pré-crise”, acrescentou.
Na semana passada, o UBS, que é regulado pela Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro da Suíça, disse que estava considerando usar US$ 3,6 bilhões em reservas de capital em um mix de dividendos em dinheiro e recompras de ações até o final do ano.
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“As recompras de ações foram demonizadas demais”, disse Sergio Ermotti, executivo-chefe do UBS. “As recompras de ações em um ambiente como este são uma excelente maneira de os bancos manterem a flexibilidade em suas políticas de retorno de capital. [Quando] as ações dos bancos estão negociando abaixo do valor contábil tangível, é a maneira mais natural de criar valor para os acionistas”, explicou ele após o anúncio do BCE.