Banco Votorantim não quebrou em 2009. Entenda o caso.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou na última quinta-feira (18) que o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, alegando que ele tinha trabalhado em um “banco que quebrou”, o Banco Votorantim.
A referência ao Banco Votorantim, atualmente Banco BV, foi uma ironia de Maia sobre o fato que Weintraub foi nomeado para ocupar o cargo de diretor executivo do Banco Mundial, representando o Brasil.
“É porque não sabem que ele trabalhou no Banco Votorantim, que quebrou em 2009 e ele era um dos economistas do banco”, declarou Maia.
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Em seus mais de vinte anos atuando no mercado financeiro, Weintraub de fato trabalhou no Banco Votorantim, ocupando o cargo de economista-chefe entre 1994 e 2012.
Entretanto, diferentemente do que declarou Maia, e assim como desmentido pelo próprio Weintraub nas redes sociais, o Banco Votorantim não quebrou em 2009.
“Trabalhei no Votorantim por 18 anos. O Banco existe até hoje. NUNCA QUEBROU! Atualmente invisto em títulos da dívida dessa instituição por acreditar em sua solidez e seriedade. Espalhar Fakenews sobre a solvência de uma instituição financeira é muito grave”, escreveu o ex Ministro da Educação em sua conta no Twitter.
Trabalhei no Votorantim por 18 anos. O Banco existe até hoje. NUNCA QUEBROU! Atualmente invisto em títulos da dívida dessa instituição por acreditar em sua solidez e seriedade. Espalhar Fakenews sobre a solvência de uma instituição financeira é muito grave.
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 19, 2020
Entenda o caso
Em janeiro de 2009 ocorreu uma operação de compra por parte do Banco do Brasil (BBAS3) de 50% do capital total e pouco menos de 50% do capital votante da instituição financeira O banco público pagou R$ 5,5 bilhões da época, em uma operação muito complicada, cuja negociação demorou mais de três meses. O controle da empresa, todavia, permaneceu nas mãos do proprietário da outra metade do capital, a família Ermírio de Moraes, fundadora do banco.
As razões que levaram a realizar essa operação foram, do lado dos Ermírio de Moraes, a necessidade de fortalecer o banco após a crise financeira internacional de setembro de 2008, que abalou o sistema bancário de todos os países do mundo.
Enquanto pelo lado do Banco do Brasil a intenção era responder a fusão entre o Banco Itaú e o Unibanco, ocorrida em novembro de 2008 sempre por causa das consequências da crise dos subprime.
Com a fusão, o Itaú se tornou o maior banco do Brasil, ultrapassando o BB. O governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva não gostou e decidiu atuar para que o banco estatal retomasse a primeira posição.
Por essa razão, poucas semanas antes da compra da participação no Banco Votorantim, o Banco do Brasil tinha adquirido o Nossa Caixa por R$ 5,38 bilhões e o Banco do Estado do Piauí poer R$ 81,7 milhões. Entretanto, mesmo com essas compras, não conseguiu voltar a ser o primeiro banco do País.
Além da questão política, o Banco do Brasil tinha interesse pela carteira de financiamento de automóveis do Banco Votorantim, que é um dos líderes do setor com R$ 17,0 bilhões de empréstimos e uma forte atuação dos braços financeiros BV Financeira e BV Leasing. O BB estava tentando há vários anos entrar nessa área.
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Naquele momento, o Banco Votorantim era o 7º maior banco do Brasil, com R$ 81,3 bilhões em ativos.
Banco Votorantim muda de nome para Banco BV
No final de 2019 o Banco Votorantim mudou de nome para Banco BV. Atualmente, a instituição financeira é o 5º maior banco privado do Brasil, segundo o ranking do Banco Central.
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Em 2019 o banco registrou um lucro líquido de R$ 1,37 bilhão, com um crescimento de 29% em relação a 2018. Entre os principais setores de atuação da instituição financeira estão:
- Crédito e Financiamento para pessoas
- Corporate & Investment Banking
- Asset Management
- Private Bank
O banco estava planejando realizar sua oferta inicial de ações (IPO) em abril de 2020. Entretanto, a pandemia do novo coronavírus (covid-19) adiou os planos.
Questionado sobre a declaração de Maia sobre o Banco Votorantim que teria “quebrado” em 2009, o Banco BV não quis comentar.