Campos Neto: é recomendada cautela na política monetária
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou, nesta segunda-feira (25), que é recomendada cautela na política monetária no País. Um dos fatores de risco, segundo ele, é o alto endividamento público, o que fez com que houvesse aumento nos juros de cinco anos, sobretudo para os países de dívida mais elevada, como Brasil e África do Sul.
Durante uma apresentação do BC junto a representantes da Organização das Cooperativas Brasileiras, Campos Neto reforçou a mensagem contida na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), apontando que seus integrantes consideram um último ajuste na taxa básica de juros da economia (Selic), de 0,75%.
“O Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos”, diz a apresentação. Atualmente, a taxa de juros está em 3% ao ano, sua mínima na série histórica.
Além disso, o presidente do BC salientou que a prorrogação de operações de crédito no âmbito da renegociação de dívidas junto a instituições financeiras atingiu R$ 535,7 bilhões entre 16 de março a 15 de maio, ou seja, desde o início dos impactados da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a qual tem sido a principal razão por este fato.
Na última quinta-feira, o economista já havia dito que, devido aos impactos da pandemia, dados preliminares do varejo e do Boletim Focus apontam para uma forte queda da atividade econômica no País.
Em uma reunião com representantes das instituições dos Comitês de Indústria, o presidente do BC lembrou que as primeiras informações sobre dados econômicos dos países emergentes, assim como o Brasil, apontam para uma forte recessão.
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Campos Neto chamou atenção para o fato de que, frente aos problemas externos e do cenário doméstico, o fluxo de capital e moeda para o Brasil foram fortemente impactados. Ele avaliou também que a cotação do dólar oscila de acordo com o mercado, mas que a autoridade monetária pode intervir para corrigir distorções. “O câmbio é flutuante. Podemos aumentar a atuação [do Banco Central] se entendermos que é necessário” disse.